Ao quinto disco Francisco Silva quis valer-se a si próprio e tratou de compor e interpretar na sua totalidade um álbum que recebeu um título homónimo muito por culpa de querer regressar simbolicamente aos primeiros dias em que Old Jerusalem começou a escrever e gravar canções. O objectivo é perfeitamente alcançado: Old Jerusalem acaba por funcionar como uma máquina do tempo apontada a 2001, o ano em que tudo começou.
A simplicidade das canções é, como habitual quando a economia de recursos é aposta declarada de Old Jerusalem, enganadora no que toca à riqueza e complexidade das composições. Para além da imensa fertilidade das palavras, há em cada canção uma pincelada de quem olha para a pintura e compreende exactamente os elementos que cada obra deve ter.
E porque às vezes menos é mais, temas como “Song Of Daphne” ou “Tyndale And Augustines”, frágeis na sua beleza mas seguras no método e na forma, mostram um Francisco Silva em constante crescimento enquanto escritor de canções. E porque ainda nenhum disco foi problema, cada passo tem sido importante para cimentar a sua posição. Numa altura de tamanha austeridade, é justo dizer que precisamos de mais economistas destes.