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Moonbeams The Daisy Chain

2011
Hop Skip Jump Records


Chapterhouse, Lush, Ride, Curve, Slowdive, Swervedriver, Catherine Wheel, Secret Shine, My Bloody Valentine. Quando se pensa em shoegaze, nomeadamente na clássica cena-que-se-celebrava-a-si-mesma, estes são os nomes que à partida surgem nas nossas cabeças. Uns com um maior nível de obscuridade, outros com um maior nível de genialidade, todos eles bons e/ou muito bons e, pelo menos para uma pessoa, papel importante na sua formação musical após o início do desencanto com o metal. Afinal de contas, toda a gente gosta de pop. Se essa pop puder forjar aliança com o ruído, é ouro sobre azul.

E assim temos os Moonbeams, que têm uma sonoridade igualmente clássica, e são também eles bons e/ou muito bons. Têm fuzz quando precisam de ter fuzz, criam paisagens quando é necessário que criem paisagens, e são dotados de um forte sentido pop que lhes permite, por exemplo, criar uma faixa como "Lazy", com aquele teclado que acompanha as guitarras-tornadas-motoserras. E, claro, os vocais da praxe, despreocupadamente drogados, praticamente imperceptíveis, o paradoxo típico do género: são ao mesmo tempo desnecessários e indispensáveis, obrigam-nos a murmurar a melodia enquanto os ouvimos.

The Daisy Chain não é muito mais que esta história de amor entre o fofinho e o agressivo, nem precisa de o ser. "Sundays" abre o disco em tom de verão (a.k.a.: isto devia-nos ter chegado às mãos mais cedo), assim como a faixa homónima o faz em tons de amor. E há ainda o ruído de "Surrender", da bonita "Oh Anna" ou das curtas que o encerram, "I Still Love You" e "Eternal Life". Para quem quiser picar e limitar-se a ouvir um disco sem qualquer pretensão, os próprios Moonbeams o têm disponível para ser escutado. Resumidamente: um disco que se celebra a si mesmo. Venham mais destes.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
26/09/2011