Chapterhouse, Lush, Ride, Curve, Slowdive, Swervedriver, Catherine Wheel, Secret Shine, My Bloody Valentine. Quando se pensa em shoegaze, nomeadamente na clássica cena-que-se-celebrava-a-si-mesma, estes são os nomes que à partida surgem nas nossas cabeças. Uns com um maior nÃvel de obscuridade, outros com um maior nÃvel de genialidade, todos eles bons e/ou muito bons e, pelo menos para uma pessoa, papel importante na sua formação musical após o inÃcio do desencanto com o metal. Afinal de contas, toda a gente gosta de pop. Se essa pop puder forjar aliança com o ruÃdo, é ouro sobre azul.
E assim temos os Moonbeams, que têm uma sonoridade igualmente clássica, e são também eles bons e/ou muito bons. Têm fuzz quando precisam de ter fuzz, criam paisagens quando é necessário que criem paisagens, e são dotados de um forte sentido pop que lhes permite, por exemplo, criar uma faixa como "Lazy", com aquele teclado que acompanha as guitarras-tornadas-motoserras. E, claro, os vocais da praxe, despreocupadamente drogados, praticamente imperceptÃveis, o paradoxo tÃpico do género: são ao mesmo tempo desnecessários e indispensáveis, obrigam-nos a murmurar a melodia enquanto os ouvimos.
The Daisy Chain não é muito mais que esta história de amor entre o fofinho e o agressivo, nem precisa de o ser. "Sundays" abre o disco em tom de verão (a.k.a.: isto devia-nos ter chegado à s mãos mais cedo), assim como a faixa homónima o faz em tons de amor. E há ainda o ruÃdo de "Surrender", da bonita "Oh Anna" ou das curtas que o encerram, "I Still Love You" e "Eternal Life". Para quem quiser picar e limitar-se a ouvir um disco sem qualquer pretensão, os próprios Moonbeams o têm disponÃvel para ser escutado. Resumidamente: um disco que se celebra a si mesmo. Venham mais destes.