Por esta altura Hauschka já não deverá ser segredo para ninguém. O culto à volta do alemão Volker Bertelmann tem, justificadamente, crescido nos últimos tempos, muito por culpa de discos como
Desta vez Bertelmann volta a surpreender e segue outro caminho. A sua música, de raiz clássica minimal, camarÃstica, mantém esses pressupostos base, mas vai-se transformando em espirais cÃclicas de repetição, que vão ganhando a forma de um estranho groove. E não é um groove qualquer, é um groove subtil e hipnótico, inebriante na sua quase infinita circularidade. Se por um instante nos distraÃmos, à s tantas estamos a pensar que teremos entrado num Delorean ilegalmente modificado para viajar no tempo até aos anos dourados do pós-rock. Não estamos em 1998 nem estamos em Chicago, mas esta Berlim 2011 de Hauschka consegue encher-nos de boas recordações.
Apesar do resultado ser relativamente diferente dos discos anteriores, as caracterÃsticas do processo de trabalho mantém-se semelhantes, e também assim se mantém a fluidez sonora: é incrÃvel como aqueles pedaços de som ganham formas acessÃveis, viram melodias. Este novo disco de Hauschka tem a participação de gente dos Múm (o baterista Samuli Kosminen) e dos Calexico (John Convertino e Joe Burns), mas apesar dos seus (importantes) contributos não serão estes os responsáveis pela viragem de direcção. O mérito estará mesmo no senhor Volker Bertelmann, que mais uma vez confirma o estatuto de músico de excepção, verdadeiramente incomparável.