Ao terceiro disco as Vivian Girls decidiram que não queriam ser como as milhentas outras bandas que de um momento para o outro decidiram fazer música pop encharcada em fuzz e retiraram do seu estilo o ruÃdo caracterÃstico dos dois primeiros discos. O que fica, então? Canções bonitas onde a raiva mais punk desapareceu. Se é melhor? Isso dependerá do gosto de cada um - objectivamente falando, Share The Joy poderá muito bem ser o melhor disco que o trio feminino de Brooklyn já fez. Para aqueles que fazem do feedback um estilo de vida e encaram os JaMC como uma religião, aà já haverá espaço para algum desapontamento.
Mas encaremo-lo objectivamente: elas próprias assumem a mudança com frontalidade, caso contrário não iniciariam o disco com "The Other Girls", que contém precisamente o verso I don't wanna be like the other girls... e é igualmente a canção mais longa da curta carreira do trio. Sendo o objectivo das bandas associadas à noise pop criar canções com a cabeça na pop dos anos 60 e os dedos na energia do punk, a conclusão é simples - as Vivian optaram pela cabeça. Nota-se em Share The Joy um maior cuidado com a melodia e na criação pop, e aqui há que salientar o docinho "Dance (If You Wanna)" ou o aceno óbvio às Shangri-Las através de "Take It As It Comes".
Isto não é dizer que o tempo riot grrrl ficou completamente para trás, ou não estivessem igualmente presentes malhas mais aceleradas como "Trying To Pretend" ou "Light In Your Eyes", que fecha o disco de forma novamente longa (seis minutos). Share The Joy é um disco que as Vivian Girls sentiram que deviam fazer para não cair no estigma da repetição. E foram bem sucedidas. Resta saber se "as outras" enveredarão pelo mesmo caminho ou se teremos que continuar a imaginar lutas de mulheres na lama através do Hipster Runoff.