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LV Routes

2011
Keysound Recordings


A história da música dita urbana já várias vezes provou que andar em espiral desacompanhado da devida substância nunca gerou mais-valia. Para o legado deixou-se teimosia inconsequente. O forçar de ideias nunca inspirou as mais dignas almas em busca do além; e a rejeição acbaou por ser o passo subsequente para quem não quer, nem nunca desejou, perder tempo com futilidades. O underground da moda instituiu a bass-music como a tipologia fulanizada do momento, proporcionando ilusões constantes a quem por aí procura o que gosta de encontrar – deparando-se constantemente com falácias erguidas a partir de memórias excessivamente seleccionadas por quem “escreve†a história da pop. É assim que muitos descobrem o “extraordinário†ao virar da esquina como quem encontra uma azeitona num olival. E vivem felizes com uma falsa noção de novidade.

LV é mais um a andar às voltas. Sempre andou desde que se estreou. Artimanha não lhe falta quando atira o barro á parede. Há o tal esforço em deixar marca, mas Routes é, como resultado final, nada mais que entretenimento que se esgota à terceira passagem. Não será, portanto, nesta primeira procura de novas rotas – em tão curto trajecto profissional – que nos irá elucidar sobre o futuro que idealizou. Com a união de facto com Joshua Idehen – a lembrar Kode 9 e The Spaceape – tentou novas formas de expressão que garantissem pujança criativa, indagando poesia urbana. O que ganhou foi apenas uma volta extra ao edifício onde muitos procuram a alquimia perfeita para música do amanhã.

Insistir nalguma matemática de limitados efeitos subversivos da Hyperdub, nos cúmulos efémeros do UK funky ou do ghetto house, em fantasias em que a fluidez da palavra é substituída por um gaguejo irritante ou num footwork que já se julga grande forma de arte sonora, é mesmo concluir (de vez) que a noção de novidade prostitui-se sempre que se encontra um new kid on the block capaz da mais barata feitiçaria. Nada aqui é verdadeiramente péssimo, desprezível. Mas nenhum zénite da sabedoria se atinge a insistir com a cabeça na parede onde já tantos marraram sem provas dadas de sofisticação. Nada se extrai deste exercício senão meia dúzia de momentos engraçados que se esquecem quando encontramos o próximo artista a fazer exactamente o mesmo.


Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
08/07/2011