O buzz que estes dinamarqueses têm tido em alguns blogs e crÃtica especializada advém principalmente daquilo que consta serem os espectáculos que dão ao vivo: violentos, anárquicos e sangrentos - testemunhando-o as várias fotografias que os fãs e os próprios colocam online. Isso, e por serem ainda um bando de putos, não havendo aqui qualquer sentido pejorativo; mas, como se sabe, a rebeldia adolescente tem muito mais encanto se os seus proponentes forem, de facto, adolescentes. Tendo já alguma notoriedade no paÃs natal, começam agora a encontrar fãs pelo resto do mundo, não faltando desde logo os epÃtetos clássicos e mui modernos de que são a salvação do punk.
Não deverá ser preciso sequer dizê-lo, mas ignoremos o hype que tais cristãos-novos musicais criam sempre que algo se destaca do restante. O que resta dos Iceage e em particular de New Brigade, o seu disco de estreia, é um conjunto de canções com rótulo punk, viscerais e ruidosas q.b., onde ainda assim se notam aqui e ali alguns encontros com a pop - tomando-se como exemplo "White Rune", logo a abrir, tema que faz lembrar, e muito, os Wire de há trinta anos, sem cair na cópia fácil. Têm ruÃdo, energia e malhas para vender? Então não é necessário chamar-lhes a salvação de coisa nenhuma, basta dizer que são bons.
E são-no, de facto. Há dias, Jim Farber, crÃtico no Daily News de NY, queixava-se de que os mariquinhas haviam tomado a cena musical à custa de pessoas como Bon Iver ou Antony. Pois bem: são esses mesmos mariquinhas que têm empolado o quarteto nórdico, que pela força deste disco, pela rispidez de canções como "Broken Bone" ou "Eyes", e pelo facto de andarem a importar fogos-de-artifÃcio de sites hooligan italianos como que para lembrar que o futebol e o slogan ACAB sempre foi uma coisa bastante punk, não deverão achar muita piada a que os coloquem no mesmo saco do hipster branco suburbano. Não fazem música para se apreciar no conforto caseiro; mais para se andar à porrada. Vinte e cinco minutos de pancadaria.