Quando Thurston Moore está com os Sonic Youth faz discos de barba rija, canções feitas de guitarras distorcidas até ao limite da curta paciência dos puristas; quando está sozinho faz, cada vez mais, discos de uma deslumbrante beleza, usando uma palete de sons que lhe desconhecemos mas que não duvidamos que seja capaz de utilizar a seu bel-prazer. E, aparentemente, com o mesmo grau de facilidade com que desafia as leis do rock na sua banda de sempre.
Para Demolished Thoughts, o sucessor de Trees Outside the Academy, convidou Beck para assumir a produção e ainda bem que o fez. Os resultados são, no mÃnimo, excelentes. Não há nada em i>Demolished Thoughts que esteja a mais e, ao mesmo tempo, não parece que lhe falte nada. Este é um daqueles discos que consegue ao mesmo tempo ser requintado nos arranjos e não parecer obeso nos seus intentos.
Demolished Thoughts é um disco de canções simples, de sensibilidades que andam perto da folk, canções de uma beleza que muito se deve a duas contribuições de luxo: Samara Lubelski no violino e Mary Lattimore na harpa. O cruzamento do trabalho de ambas é especialmente notável nas duas primeiras canções do disco, “Benediction†e “Illumineâ€, mas alastra-se a todo o disco.
A contribuição de ambas, o toque de Beck, para além da muito apreciável capacidade de Thurston Moore de escrever canções directas e harmoniosas, fazem de Demolished Thoughts um disco tão despretensioso como belo. Não é propriamente uma surpresa (ele foi deixando pistas ao longo dos tempos), mas não deixa de provocar algum espanto vindo de alguém habituado a esconder a beleza camuflando-a no ruÃdo e no caos.