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BJ Nilsen The Invisible City

2010
Touch


A cidade invísivel do sueco BJ Nilsen começa por ser Berlim, onde BJ gravou e editou o disco, entre 2008 e 2009. Mas passa há pedaços de metrópoles invisíveis, reveladas em sons ambientes captados em paragens distantes, da Islândia ao Japão, e por paragens bem próximas, como Portugal, revelado em nota de rodapé e nas fotos nocturnas do Porto por Jon Wozencroft da capinha da bolacha. Saindo do espectro da visão para o auditivo, este disco é um dos tesouros esquecidos do ano passado, o qual estamos completamente a tempo de o descobrir, até porque, se há coisa que nos faz esquecer a noção de tempo, são os drones e os ambientes que BJ trabalha na nossa mente.

Com o islandês Hildur Gudnadottir a contribuir com viola de arco, BJ cose a sua tapeçaria sonora combinando os mais diversos elementos electrónicos, incluindo com particular interesse, o Subharchord, um dos primeiros sintetizadores da história, uma relíquia musical da velha R.D.A., República Democrática Alemã. O seu som subharmónico é explorado de diferentes formas em cada narrativa, 8 no total, acompanhando os samples urbanos e as texturas de ruído sobrepostas, familares a ouvintes de Fennesz ou Tim Hecker.

As cidades invisíveis surgem-nos então pelo meio, seja pelo som de um carro, de uma libelinha, ou de umas obras na estrada. Surgem subtilmente, para que o nosso cérebro se dê a algum trabalho de as explorar, procurando torná-las visíveis. São relações psico-geográficas que se estabelecem a cada minuto, de faixas na sua maior parte, nada longas, havendo apenas 3 temas que ultrapassam os 10 minutos. A descobrir.


Nuno Leal
nunleal@gmail.com
12/05/2011