Há que respeitar uma banda que começa um disco com uma música que tem o seguinte tÃtulo: “Fuck you and your hipster tieâ€. É a faixa de abertura de Flock, o quinto disco dos Gutbucket, e podemos confirmar que a natureza provocatória do tÃtulo de cada tema encontra paralelo no respectivo conteúdo sonoro: esta música não pede favores a ninguém, desafia rótulos, conceitos e preconceitos.
Apesar de não serem propriamente (re)conhecidos, os Gutbucket têm uma história já longa. Existem desde 1999, vêm de Brooklyn (“where else?â€) e reúnem o saxofone de Ken Thomson, a guitarra eléctrica de Ty Citerman, o baixo eléctrico de Eric Rockwin e a bateria de Adam Gold. Combinando uma estrutura desenhada ao milÃmetro (herança do prog), com uma energia intensa (à s vezes quase punk) e uma dose de improvisação (na tradição jazz), os Gutbucket concretizam uma música altamente irreverente.
Geralmente angulosas, espinhosas, estruturadas mas simultaneamente imprevisÃveis, estas músicas têm a capacidade de lembrar uma gigante mescla de referências, deixando-nos impacientes com todos os “isto lembra aquilo†que não conseguimos decifrar. Por vezes poderá surgir uma evocação do pós-rock de Chicago dos late-90´s, mas a relação mais directa estará com bandas actuais como os Scurvy (editaram o excelente Fracture em 2010) ou os Little Women (editaram também no ano passado o aplaudido Throat e agora fazem parte do cartaz do Jazz em Agosto 2011).
Independentemente das referências, mais ou menos directas, os Gutbucket vivem num mundo autónomo. Guitarra e saxofone em perfeito entrosamento, secção rÃtmica imparável; no limite, guitarra eléctrica a gemer, saxofone em delÃrio. Isto não é amor, é sexo à bruta. E assim é que é bom.