Jesse Sparhawk Ă© um multi-instrumentista. Toca harpa (estudou com a harpista principal da FilarmĂłnica de Nova Iorque, entre outras, entre os 10 e os 17 anos), guitarra e baixo elĂ©ctrico e no entanto, neste disco, que Ă© oficialmente a sua estreia na guitarra, o mĂşsico norte-americano parece ter deixado para trás os ensinamentos do passado – qual tábua rasa – e construĂdo uma nova linguagem para si mesmo. Uma linguagem que terá aprofundado ao colaborar nos Ăşltimos anos com gente como os Fern Knight, The Valerie Project, Timesbold, Marissa Nadler, Greg Weeks (dos Espers) ou Eric Carbonara.
Uma linguagem que pode ser capturada no belĂssimo tema principal da banda-sonora de Tarnation, assinado pelas mĂŁos e guitarra do prĂłprio Jesse Sparhawk; de tal forma que sĂł apetece assobiar. As composições de Jesse Sparhawk, apesar de tecnicamente imaculadas, nĂŁo devem tanto Ă tĂ©cnica como Ă sensibilidade – ao sentimento, se preferirem. Entende-se a influĂŞncia da educação clássica no trabalho de Jesse Sparhawk, mas o que vem ao de cima Ă© muito mais do que isso.
E o que vem ao de cima Ă© uma admirável capacidade de criar espaços de enorme interesse melĂłdico e estilĂstico (cada faixa poderia ser o tema principal de uma banda-sonora de um filme com substância humana e cinematográfica), de fazer muito com pouco, de patentear pequenos e grandes motivos bem fundo na memĂłria – como acontece em “Architects of Archetypes” ou em “Vine Of Souls”, de uma beleza desarmante. Pelo meio, Jesse Sparhawk ainda consegue alguns dos melhores tĂtulos de canções dos Ăşltimos tempos (a já citada, “Super Deluxe Unorthodox Detox”, “Perpetually Perpetrating Perpetuity” ou “Don't Mention Dimension Dementia”). Para descobrir no silĂŞncio.