Os Crocodiles são um duo de San Diego que já foram um pouco mais barulhentos, mas que para este seu segundo disco decidiram polir um bocadinho o seu som (recrutando para isso o sr. James Ford, dos Simian Mobile Disco) e entregar-se de corpo e alma às melodias ofuscadas pela atitude lo-fi, ao aceno óbvio a bandas como os Spacemen 3 e à força de versos sado-maso como something in the way you crucify me makes me smile que abre o disco numa toada krautrock deliciosa e pujante.
Sleep Forever é um álbum sobre a morte. Não é um álbum deprimente. As canções são orelhudas, os refrões cantaroláveis, as guitarras não levam a malta a cortar os pulsos mas a levantá-los em exaltação. Ao ouvir o CD, contudo, não podemos senão pensar que a epicness de um refrão como o de "Hearts Of Love" resultará muito melhor ao vivo. Mas enquanto não o podemos comprovar, aceitamos Sleep Forever como um bom ponto de entrada para que surja esse interesse.
O disco é talvez demasiado curto, não ultrapassando os 35 minutos. Por outro lado, permite que nenhuma das canções que nele se encontram sejam fillers; destacando-se, para além das supracitadas, "Girl In Black", que encontra Jason Pierce a sonhar na Califórnia, "Billy Speed", que mete os Crocodiles dentro de uma garagem a despejar rock n´roll e "All My Hate And My Hexes Are For You", o tÃtulo emo que dá por terminado o disco de forma suave. Como aliás se espera que a morte o seja.