bodyspace.net


Botswana Attila Atlas EP

2011


É impossível não pensar de imediato em Mark E. Smith e nos seus Fall ao ouvir os temas de Attila Atlas, onde o ritmo é uma componente-chave e João Pimenta declama, anasaladamente e despreocupadamente, as letras de cada uma das cinco canções. Mas o peso dessa instituição de Manchester não deve travar potenciais ouvintes. Isto não é uma cópia. Os Botswana, como o Porto de onde vêm, ainda estão a crescer e a tentar encontrar a sua própria sonoridade; que se colem por instantes ao que ouvem ou ouviram é absolutamente natural.

O rock é então o que faz mover o quinteto, da onda pós-punk de "The Story Of Barry" à mais garageira "Dead By A Thousand Dull Conversations". Pelo meio, contam-se histórias de emigrantes em terras estrangeiras, nomes sem personagens definidas; um eco, talvez, do facto de que os próprios Botswana são emigrantes de cada uma das suas bandas anteriores.

Se há alguma falha? Há, claro: a energia que os Botswana apresentam ao vivo, ainda que até agora tais apresentações tenham sido escassas, é muito mais forte que numa rodela de acrílico. Não que "I Am Masada, You Are Yoko" não contenha a sua dose propícia ao headbanging caseiro - mas este rock é para se ouvir e ver de perto. Para já, Attila Atlas cumpre a missão de levar água à boca para ver o que os Botswana serão capazes de fazer no futuro.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
22/03/2011