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Mice Parade What It Means To Be Left Handed

2010
Fat Cat Records / Flur


Os Mice Parade tĂȘm ao longo de mais de uma dĂ©cada, passeado por vĂĄrios estilos musicais, tendo como fio condutor vĂĄrias influĂȘncias world-music para depois passar pela IDM, o noise, a mĂșsica ambiental, o pĂłs-rock, permanecendo contudo, nos Ășltimos anos, mais ao abrigo do indie-rock. Foi assim em 2007 com o seu disco homĂłnimo Mice Parade e Ă© assim que se apresentam com este What It Means To Be Left Handed , fruto ainda de 2010, mas ainda bem a tempo de o descobrirmos este ano.

Disco de grande beleza, apinhado de boas melodias, duetos masculinos-femininos e muitos coros, Ă© pop ao mesmo tempo complexa e simples, que joga connosco com as letras, mas sobretudo com os bem propulsionados ritmos dos Mice Parade, aqui e ali (como nos excelentes “Couches & Carpets” ou “Fortune of Folly”) relembrando uns Dirty Projectors menos desconstrutivos, mas com a mesma singularidade com que nos conseguem pĂŽr com um pĂ© em Nova Iorque e outro em Nairobi ou em Guadalajara na mesma mĂșsica.

Comparação feita, a verdade Ă© que sĂŁo muito mais previsĂ­veis. Logo, por aqui nunca se atingem momentos tĂŁo altos como os Dirty Projectors conseguem atingir. Para compensar, rondam-se outros caminhos melĂłdicos tambĂ©m com rato no nome, os Modest Mouse, por exemplo. É o caso de boas cançÔes como “Recover” ou “Do Your Eyes See Sparkles”. E hĂĄ ainda um regresso ao shoegazer de outros tempos em “Mallo Cup” ou “Mary Ann” (mesmo assim longe dos Swirlies prĂ©-Mice Parade). NĂŁo fica para sempre na memĂłria, mas tambĂ©m nĂŁo vale a pena esquecer.


Nuno Leal
nunleal@gmail.com
14/02/2011