Os Mice Parade têm ao longo de mais de uma década, passeado por vários estilos musicais, tendo como fio condutor várias influências world-music para depois passar pela IDM, o noise, a música ambiental, o pós-rock, permanecendo contudo, nos últimos anos, mais ao abrigo do indie-rock. Foi assim em 2007 com o seu disco homónimo Mice Parade e é assim que se apresentam com este What It Means To Be Left Handed , fruto ainda de 2010, mas ainda bem a tempo de o descobrirmos este ano.
Disco de grande beleza, apinhado de boas melodias, duetos masculinos-femininos e muitos coros, é pop ao mesmo tempo complexa e simples, que joga connosco com as letras, mas sobretudo com os bem propulsionados ritmos dos Mice Parade, aqui e ali (como nos excelentes “Couches & Carpets” ou “Fortune of Folly”) relembrando uns Dirty Projectors menos desconstrutivos, mas com a mesma singularidade com que nos conseguem pôr com um pé em Nova Iorque e outro em Nairobi ou em Guadalajara na mesma música.
Comparação feita, a verdade é que são muito mais previsíveis. Logo, por aqui nunca se atingem momentos tão altos como os Dirty Projectors conseguem atingir. Para compensar, rondam-se outros caminhos melódicos também com rato no nome, os Modest Mouse, por exemplo. É o caso de boas canções como “Recover” ou “Do Your Eyes See Sparkles”. E há ainda um regresso ao shoegazer de outros tempos em “Mallo Cup” ou “Mary Ann” (mesmo assim longe dos Swirlies pré-Mice Parade). Não fica para sempre na memória, mas também não vale a pena esquecer.