"Nick Nicotine nasceu em 1977. Faz canções. Irá eventualmente morrer." A frase é retirada do site da Nicotine´s Orchestra, cartão de apresentação para quem ainda não conhece ou conhece mal o trabalho do maestro barreirense. Maestro, sim, que conduz não só esta, mas várias outras orquestras que fizeram do Barreiro um dos epicentros do rock n´ roll em Portugal, partilhando o ceptro com a Coimbra rainha e com a gaiata Barcelos. Uma história de como o amor à música e às guitarras supera a clausura do tédio.
It´s only rock n´ roll. Longe de etiquetas mais elaboradas, sejam elas rockabilly, ou blues rock, a Orchestra traduz esse amor por aquilo que há sensivelmente sessenta (!) anos se decidiu apelidar simplesmente de rock. Entre momentos de soul eléctrica e de blues acelerados, não há espaço para descansar - possivelmente virtude da decisão de abandonar o tabaco e da súbita energia que daà veio, como o próprio nos afirmou em entrevista recente. Uma decisão que se reflecte não só neste disco como no facto de já ter um novo, disponÃvel para download aqui. E damos connosco a pensar: como é que Nick Nicotine consegue conciliar tantas coisas com o mesmo grau de eficiência?
É verdade: muito não há a dizer da pujança de um disco quando apenas à décima-segunda faixa, o country de "Rosario", temos espaço para respirar. Antes disso somos apossados por inúmeros fantasmas (daà o tÃtulo), sejam os mais óbvios como o Cash de "Help Me", sejam os velhos pajés como Screamin´ Jay Hawkins, sejam até os mais recentes como Lux Interior, influências que o próprio Nicotine não desdenha. Mas se mencionamos todos estes nomes é apenas para criar um ponto de contacto; Ghosts And Spirits é um excelente disco porque tem excelentes canções - não porque canaliza o espÃrito da década de 50. Nem ninguém inteligente há-de pensar nisso durante a guitarra de "Let You Down". Esperamos nós.