Quem diria que não a um bilhete, a custo razoável, que o levasse directamente aos anos 70 como se não tivesse havido nada a seguir a essa década que, sabemos, foi dourada para a soul? Os Kings go Forth não, certamente. É isso mesmo que este grupo de dez músicos consegue: fazer toda a gente pensar que os anos 70 ainda não acabaram. The Outsiders Are Back está muito longe de ser um exercício Sebastianista e ao mesmo tempo muito perto de parecer um disco perdido e encontrado naquele estúdio soul de esquina de uma pequena cidade norte-americana. Finalmente resgatado.
Mas agora um pouco de história. Os Kings go Forth foram fundados por Andy Noble, o fundador de uma loja de discos de Milwaukee chamada Lotus Land Records. Desde 2007 lançaram vários singles antes de ingressarem na Luaka Bop, o selo criado pelo muito atento David Byrne para lançar pequenas maravilhas como esta. O nome da banda tem estranhamente a sua origem num filme com Frank Sinatra e Tony Curtis, mas isto pouco diz acerca do som da banda. O que diz acerca desse delicioso tema são as técnicas de produção de The Outsiders Are Back que partilham totalmente a sabedoria aplicada à soul nos anos 70 e isso não é dizer pouco.
O resto fala por si. “One Day” e, logo a seguir, “I Don't Love You No More” são uma chapada tão grande neste mundinho ultimamente tão cinzento que por momentos ninguém conseguirá deixar de pensar que tudo isto poderia ser mais fácil. Mas não se deixem enganar por isso; deixem-se enganar pelos arranjos, pelas vozes (que vão do entusiasmante ao excitante), da veia melodiosa, da percussão frenética, dos sopros, do reggae que de quando em vez até espreita (e de forma feliz), pelo Groove, pela ideia mais ou menos romântica – para muitos – de um regresso aos anos 70 no que este teve de melhor. E para quem tem na Motown uma espécie de Meca para a vida, este disco dos Kings Go Forth pode ser uma peregrinação e pêras. Última chamada para os anos 70, a porta de embarque fecha dentro de minutos.