O mundo tem uma ideia algo errada em relação à carreira a solo depois da época dourada como frontmen dos Led Zeppelin. É certo que os anos 80 não foram muito dóceis com Robert Plant, mas com os anos 90 chegou um disco perfeitamente aceitável - Fate of Nations, que chega a ser um bom disco aqui e ali – e com os 00s já lá vão três óptimos discos (já para não falar no disco a meias com Alison Krauss, Raising Sand), reconciliadores com o passado solista que não começou da melhor forma mas que está longe – muito longe – de assombrar o seu presente.
Como Ă© sabido, Band of Joy foi a banda de rock psicadĂ©lico em que Robert Plant militou nos anos 60 (com o saudoso John Bonham, rei dos bateristas) antes de fazer histĂłria nos Led Zeppelin, e por isso Ă© de todo legitimo que este disco, com o mesmo tĂtulo, recrie um pouco dessa realidade e ambiente. Mas, ao mesmo tempo, Band of Joy (e nĂŁo Bando f Joy como o Word insiste em sugerir) Ă© um disco que segue as pisadas do seu trabalho supracitado com Alison Krauss, uma vez que assenta pĂ©s firmes em territĂłrio americano (Nashville, mais concretamente, cidade onde o produtor Buddy Miller tem a sua base) para de lá raras vezes sair. O banjo constante confirma-o. E o resultado dessas opções Ă© quase sempre vencedor.
A prova que Robert Plant cresceu musicalmente (ao contrário de Jimmy Page que aparentemente parou no tempo) está curiosamente, neste caso, na forma como interpreta canções de outros. Exemplo: a belĂssima versĂŁo de “Silver Rider” dos Low. Sim, dos Low, de quem pede emprestada tambĂ©m “Monkey” (Alan Sparhawk e Mimi Parker estarĂŁo, certamente, orgulhosos). Mais: uma canção do tantas vezes esquecido Townes Van Zant, “Harm’s Swift Way”, entre outros bons argumentos. Certo Ă© que em Band of Joy está impresso, do inĂcio ao fim, um bom gosto nos arranjos e nas opções estĂ©ticas (muitas vezes inesperadas, como na semi-electrĂłnica canção que encerra o disco, "Even This Shall Pass Away") que, mais do que permitir a redenção, assegura a Robert Plant um bom futuro. A continuar assim, poderemos esperar muito boas coisas do homem que um dia foi rei e senhor nos Led Zeppelin.