Quando já nĂŁo havia mais por onde chular a herança musical dos Joy Division, os morcegos nĂŁo foram muito longe e fincaram os dentes nos New Order. Sem nunca descolar do apetecĂvel cunho brit de ambas as bandas, o rock mais desnutrido passou a procurar a salvação num ideal pop assente em sintetizadores, canções de “boy meets girl” e melodias dilatadas para dançar enquanto se faz tarde. NĂŁo Ă© fácil resistir ao modelo servido pelo incrĂvel single “Tempation”, em 1982, mas os New Order tambĂ©m nĂŁo devem ser culpados pela praga que por aĂ se alastra e que agora contamina tambĂ©m os japoneses The Brixton Academy (nome Ă espera de um processo em tribunal). Aliás, o pastiche Ă© de tal modo descarado nos Brixton Academy que atĂ© apetece acarinhá-los por serem tĂŁo “trengos” e ingĂ©nuos neste roubo.
Promovido com alguma pompa no JapĂŁo, onde merece o obi-strip de luxo, L.O.T. Ă© o duplo EP (formato raro!) que complementa o igualmente horrĂvel álbum lançado este ano com o enganoso tĂtulo de Vivid. O primeiro disco Ă© entĂŁo preenchido com trĂŞs temas que podiam ou nĂŁo pertencer ao tal longa-duração. É difĂcil entender o padrĂŁo de qualidade neste emaranhado aborrecido de synth pop e electro. O segundo disco, por sua vez, parte de uma ideia que poderia ser bombástica noutras mĂŁos: reunir amigos e bebida num estĂşdio e gravar uma sessĂŁo inebriada por esses ingredientes (a Karen O diria been there, done that). Logo no inĂcio da Saturday Knight Session, o quarteto atira-se a “Boys don’t cry”, dos Cure, e ficamos a saber o nome de outra referĂŞncia destes rapazes. Os fĂŁs dos TBA ganham trinta minutos de desbunda; os cĂ©pticos divertem-se com as ratoeiras da dicção japonesa estampadas em versos como Boys and gulls ale leady fol the lomance. Igualmente divertido Ă© ver os Brixton Academy a imitar o vĂdeo (e o fio condutor) de "My Girls", de Animal Collective, no seu prĂłprio "So Shy". As semelhanças ficam hilariantes a partir dos 1:24.
Mas o tópico é o EP e o EP é muito pobre. No modo como canta, o vocalista lembra por vezes o Sapo Cocas, o que leva a que uma das poucas recompensas do EP seja imaginar que as suas canções são afinal odes dedicadas à Miss Piggy. O coração do Cocas encolhe em “Friday Knight” e a indiferença na Miss Piggy deve ser proporcional ao bocejo provocado por este enésimo repisar da uva New Order. Com isto, até já gosto mais um bocadinho dos Hot Chip.