Twilight Dementia é um álbum duplo que contém prestações ao vivo da banda mais metálica da história. Sim, mais metálica até que os Manowar. Mais máscula e pesada que os Judas Priest. Com nÃveis de brutalidade maiores que o bigode de Lemmy Kilmister. Com um nome futebolisticamente bonito e relevante. Portanto: ainda estamos para perceber como é que foi possÃvel captar a ferocidade dos DragonForce com a tecnologia de hoje, demasiado escassa para que o troar dos riffs de Herman Li possa ser contido em dois simples CDs. Mas o facto é que os DragonForce conseguiram. E se há banda que consiga alguma coisa são os DragonForce.
Quando Ragnarök estiver perigosamente perto, a sua música ecoará por todo o território de Asgard. Ao som de "Fury Of The Storm", Thor erguerá o seu poderoso Mjöllnir e despedaçará a serpente, sofrendo depois a mais heróica das mortes. "Soldiers Of The Wasteland", um épico de dez minutos (mas, verdade seja anunciada, todos os temas dos DragonForce são épicos) que cantará, não, inspirará as gerações futuras com o sacrifÃcio e a coragem destes Deuses. E ainda só vamos no primeiro CD. Porque, como é certo e sabido, o melhor encontra-se sempre no fim. Falamos de "Where Dragons Rule", onde o canto de Victory will be glorious soa assaz paradoxal mas não importa, e, claro está, da majestosa, sublime, imensa "Through The Fire And The Flames", onde os DragonForce pedem ruÃdo, muito, ao público, e o distribuem, ruÃdo muito, ao público.
A quem por esta altura não se encontra convencido das capacidades musicais dos ingleses, tenham em mente: nem um coro de milhares de anjos, desnudos, com rostos semelhantes ao de Scarlett Johansson, acompanhados por uma orquestra composta exclusivamente por compositores perdidos para a morte, Bach, Beethoven e Mozart numa gigantesca jam session, o horizonte apartado pelo olhar de Deus lançando o amor e a esperança entre os Homens, nem essa visão mÃstica se supera a um único decibel da voz de ZP Theart (que infelizmente já deixou o grupo). "DragonForce" é mais que um nome de uma banda: é o Logos universal. Prostremo-nos respeitosamente.