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Corey Harris blu.black

2010
Telarc


Corey Harris tem-se distinguido, desde o início da carreira, por manter a emotividades dos blues e misturá-la com outros elementos musicais, dos quais as influências caribenha e africana serão as mais identificáveis. O que resulta em trabalhos originais e ricos. Harris, que protagonizou um dos episódios da série televisiva Blues, produzida por Martin Scorcese, esteve este ano em Portugal por duas vezes – a primeira acompanhado pela Rasta Blues Experience, em Janeiro; depois, a solo, durante os Dias da Música do Centro Cultural de Belém, em Abril.

Quer numa quer noutra ocasião apresentou, sobretudo, músicas do seu último trabalho, blu.black. Este é o segundo álbum que Corey Harris lança pela Telarc Records – o primeiro foi Zion Crossroads – e, igualmente, a segunda obra em que aprofunda a sua relação com as sonoridades jamaicanas, especialmente o reggae de raiz. Existem canções de reggae puro, como “Conquering Lion”, “Run Around Girl” ou a tocante versão solo de “Columbus” (original do grande Burning Spear), mas não só. blu.black começa com “Black” e fecha com “Blues”. A primeira é tecida por uma melodia doce, em que a voz ao mesmo tempo suave e rugosa de Harris casa com os metais e o coro feminino. O encerramento do disco é à moda do Delta: teclas a compasso, guitarra amargurada e voz que extravasa os pulmões.

Entre uma e outra há o reggae, de que se falou atrás, blues mestiço – “My Song” –, composições a roçar a soul, como “Find a Way” ou “So Good To Me” e músicas que cruzam diversas influências de Harris, sempre de forma harmoniosa e refrescante. blu.black pode não ser (só) blues, mas é – inspirada – música negra de uma ponta à outra.


Hugo Rocha Pereira
hrochapereira@bodyspace.net
23/11/2010