Os Eels são mais uma daquelas bandas de quem se pode esperar tudo. É certo que não fogem muito do seu estilo habitual, mas os caminhos e atitudes por onde enveredam, quer tenham o carimbo de uma excentricidade frenética ou uma solidão desgostosa, acabam sempre por estar envoltos numa aura de mistério. Em “Shootenanny!†voltaram a romper com as evidências e a construir canções pop para os ouvidos mais sensÃveis.
Depois da aventura com John Parish, e que resultaria num “Souljacker†introvertido e pleno de rock, os Eels parecem ter enveredado por uma viagem no tempo, revisitando sonoridades mais próximas de álbuns como “Electro-Shock Blues†e “Daisies of the Galaxyâ€. A carga emocional, que paira entre a solidão e a alegria de acordar de manhã sabendo que se tem um dia em cheio pela frente, acaba por ser a grande marca de “Shootenanny!â€.
Falamos do reencontro de Mark Oliver Everett, mais conhecido por Mr. E, com a realidade que durante anos lhe parecia escapar, muito por culpa dos acontecimentos familiares negativos que se iam sucedendo. O resultado é um disco subtil, fresco e descontraÃdo, deixando bem claro que os Eels dependem não só do estado de inspiração de Mr. E, mas também da sua disposição e das vicissitudes da sua vida pessoal. O que acaba por ser positivo, isto se formos a ter em consideração o tal efeito surpresa.
Temas como “Saturday Morningâ€, “Lone Wolf†ou “Love of the Loveless†mostram os Eels no seu melhor, capazes de elaborarem canções que variam entre a infelicidade aparente e uma boa disposição evidente. E será mesmo que “everybody knows these are rock hard timesâ€? Ao ouvirmos “Shootenanny!†ficamos com a sensação que não.