Eles já andavam a ameaçar há algum tempo: tĂŞm o nome perfeito, capas de discos irrepreensĂveis, e mais de mil razões diferentes – nem todas fĂşteis – para se tornarem numa banda verdadeiramente relevante. Mas, por mil e um motivos diferentes, nunca chegaram a cumprir todas as promessas… atĂ© agora. Com Mines, os Menomena passam a ser uma daquelas bandas com as quais contamos ano a ano, disco a disco, canção a canção. Mines Ă© mesmo assim entusiasmante.
Mines Ă© um disco fascinante por várias razões. A mais importante delas: Ă© capaz de equilibrar de forma perfeita a perigosidade de algumas canções com a serenidade de outras. Cria um espaço intermĂ©dio onde surgem canções com a beleza de “Killemall” (fascinante na criação de melodias e na complexidade dos arranjos) e com a expansividade de “TAOS”, solta, assumidamente rockeira, tĂŁo melodiosa como trashy. É que mais do que criar um espaço com matizes distintos, os Menomena sĂŁo capazes de criar canções que sĂŁo verdadeiras montanhas russas. Se dĂşvidas existem, escute-se “Queen Black Acid”, onde há pianos, guitarras pungentes e vozes em unĂssono, para se provar que os Menomena sĂŁo mestres na gestĂŁo de humores e temperamentos.
Mines, para alĂ©m da sua qualidade melĂłdica e por vezes Ă©pica, Ă© tambĂ©m um disco que surpreende a cada momento. “Tithe” Ă© uma daquelas canções que assombra a cada segundo na escolha de elementos, na decisĂŁo do momento de ataque, na perseguição da melodia perfeita. É isso. Mines Ă© um disco de melodias perfeitas. De arranjos redondos mas complexos, de entrada fácil (e saĂda difĂcil) mas sem concessões. Se calhar já ninguĂ©m esperava que os Menomena fizessem um disco assim, mas ei-lo. Um sĂ©rio candidato aos tĂtulos cimeiros de melhores discos do ano.