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The Soundcarriers Celeste

2010
Melodic


Pequenos cientistas não inventam grandes fórmulas. Os Soundcarriers guiam-se pelas melhores referências, no modo como sonham a música kosmische sem nunca descalçarem por completo os sapatos de banda rock britânica, mas dificultam a vida a quem gostava de lhes oferecer elogios distintos. É essa a sina que toca aos quatro de Nottingham, porque, apesar de ser divertido andar com a cabeça à roda com o psicadelismo de brincar de Celeste, este figurino já serviu para as mais de cem bandas que um dia tentaram ser os Stereolab e morreram na praia.

The Soundcarriers, nome simpático, insinua som em movimento, evidentemente, e isso verifica-se num par de ritmos motorik, que rolam como o pneu no alcatrão, enquanto Leonore Wheatley e a sua voz caída do céu procuram voltar a casa. O disco é realmente Celeste, mas faz com que os Soundcarriers pareçam muitas vezes uns Belle & Sebastian mais interessados em viajar pelas auto-estradas alemãs do que preocupados com a nostalgia. E esta última comparação era apenas uma das bolas no saco.

Quem não liga muito à qualidade do arroz costuma pegar no que está mais à mão nas prateleiras do supermercado. O mesmo quer dizer que os Soundcarriers servem para uma boa refeição de pop aventureira, embora não acrescentem praticamente nada a um prato que já comemos vezes sem conta.


Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com
22/10/2010