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Ratatat LP4

2010
XL Recordings


Ainda que Mike Stroud tenha dito precisamente o contrário, que o três era um teaser do quatro, a verdade é que nada neste disco se sobrepõe ao nível elevado do de há dois anos. Pior: soa, a espaços, como que estagnado, a ideias que à partida seriam boas mas que fugiram para terrenos inconspícuos e muitas vezes aborrecidos. Depois de três excelentes registos, mais álbuns de remixes e colaborações-surpresa com KiD CuDi, os nova-iorquinos ficam aquém das expectativas.

LP3 era um disco de princípio, meio e fim, de inovação e preocupação em criar algo que se superiorizasse aos anteriores, fugir ao "simples" instrumental e fazer canções não só de dança ou de base para a capellas hip-hop mas também para contemplação caseira. Dessas mesmas sessões nasceram as canções que encheriam LP4 - mas nenhuma que prenda imediatamente a atenção como o fizeram, por exemplo, "Shiller" ou "Shempi". A escolha dos temas finais que havia sido bem delineada em LP3 é aqui, parece, feita à pressa e sem critérios.

Sim, ainda são os Ratatat de que gostamos; os sintetizadores ainda lá estão, bem como as batidas perversamente dançáveis e aquela guitarra a rasgar quando menos se espera. O nível "experimental", digamos, introduzido em LP3 tem aqui maior relevância; quartetos de cordas, instrumentos árabes, samples de entrevistas - todos estes atributos, aliados às melodias 8-bit, resultam em alguns bons momentos auditivos. Destaque para "Drugs", "Neckbrace" (virada claramente para as pistas) e "Sunblocks". Mesmo que LP4 não tenha o vigor do anterior, a verdade é uma só: até as migalhas dos Ratatat valem ouro.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
20/09/2010