Porreiro, pá! A expressão tomou de assalto o léxico de muitos. Parte louvor moderado, parte crÃtica sarcástica, parte «ninguém quer saber», a sua aplicação depende muito do contexto conversacional em que se insere; o novo gajo que o Porto foi buscar é porreiro, pá. O preço da gasolina subiu? Porreiro, pá. Ontem vi uma reportagem no canal História sobre as relações sino-americanas nos anos 80 - porreiro, pá.
E o disco dos Okie Dokie? O disco dos Okie Dokie é porreiro, pá, mas não passa daÃ. A linguagem garage-punk, das guitarras sujas do pó acumulado no quarto onde posters dos Minor Threat convivem alegremente com charros por fumar (estilo de vida aperfeiçoado pelo menino Nathan Williams), é a utilizada pelos Californianos para mostrarem ao mundo que são jovens e precisam de se entreter com alguma coisa. Ora aà está algo porreiro: jovens aborrecidos.
Semânticas à parte; o disco (que, diz o Google, é o seu EP de estreia) é inofensivamente bom. A grande vantagem, especialmente para quem sofre de ADHD, é poder ouvi-lo vezes sem conta sem enjoar, visto que não chega sequer aos quinze minutos - uma espécie de refeição rápida, portanto, isto dito de modo elogioso e não nutricional. Rápido, agressivo, hiperactivo, a voz anasalada do vocalista (do qual não se percebe uma única palavra) vai gritando através dos riffs e da drum machine - "Ooga Booga", canção de destaque, é Steve Albini era Big Black, mas em versão puto parvo (elogio, ainda). Além disso, uma banda que faça uma versão de um tema dos Motörhead que não a "Ace Of Spades" merece respeito. Sempre.