Voilá, no que toca a pop, França é um país musical marcado desde há alguns anos por uma expansão totalitária de hip-hop e música de dança, onde um elevado número de projectos de baixa e altíssima qualidade coexistem e parecem sufocar a emergência de coisas paralelas. Sobretudo coisas num registo puramente pop, quase twee, onde nórdicos e anglo-saxónicos dominam a seu belo prazer. Se calhar, porque o inglês é a lingua rainha neste estilo e os franciús não são barra nisso.
Contudo e em bom english, Peplum é a resposta francesa aos Belle & Sebastian, Kings of Convenience, Camera Obscura, entre outros. Fruto de um projecto entre Paris e Lyon sob comando de Sebastian Broca (apetece logo fazer um trocadilho tuga, não apetece?), David Simonetta e Maxime Chamoux, mistura com mestria melodias entre o sol tímido e o aguaceiro intermitente, do banjo à farfisa, embrulhados no masculin-féminin que honra personagens de Godard de Gitanes na boca. É uma sucessão de temas pop onde muitas vezes não há nada de novo, mas que funcionam perfeitamente para pôr alguns e importantíssimos poucos, a dançar de sorriso rasgado.
Temas como “Where The Avalanches Are”, “Tiffany”, “Golden Make Up” chegam e sobram para tornar este disco digno de uma incursão sem grandes expectativas mas com vontade de descansar os ouvidos de um qualquer pesadelo FM. Porque França não é só o que dá no MCM, é muito mais. Pena que estes Toy Fight não assumam mais o seu francês excepto na pergunta inicial do fantástico “The Soldier”. “C’est bon?”, perguntam. Claro que “est bon!”, até porque já se viu com Laeticia Sadier que resulta às mil maravilhas.