Da Dinamarca onde a luz do dia pode estragar uma boa noite de sono mais cedo do que aquilo que se pensa chega-nos mais um disco dos Efterklang que vai seguindo, mais ou menos, aquilo a que este ensemble se tem proposto nos Ăşltimos tempos: enfiar todos os conhecimentos pop que adquiriu num disco que permite a si mesmo algum experimentalismo subversivo e safar-se com isso. Ainda que haja nos Efterklang um desejo provocatĂłrio de introduzir ruĂdo (ler confusĂŁo) numa estrutura pop convencional, o que sobressai neste Magic Chairs Ă© a pontaria certeira dos arranjos em cada uma das suas 10 canções.
Numa estratĂ©gia que lembra muitas vezes os melhores discos do megalĂłmano (elogio) Sufjan Stevens, os Efterklang preenchem as canções – e o seu esqueleto básico – de mil cordas, mil sopros, mil percussões (e alguma electrĂłnica), mil coros, mil adereços. E, surpreendentemente, nada soa minimamente obeso; nada parece em demasia. NĂŁo Ă© 60-90-60, Ă© uma mulher orgulhosamente curvilĂnea. Resumindo: Magic Chairs Ă© um daqueles discos que soam maravilhosamente costurados, admiravelmente bordados como o mais custoso dos trabalhos artesanais. As opções e escolhas de Magic Chairs sĂŁo puro bom gosto. Urge celebrar isso.
Destacar em Magic Chairs uma canção melhor conseguida que outra é como um trabalho frustrante como encontrar uma agulha cinzenta numa caixa de agulhas brancas. Mas se um soldado tiver de ir em frente para defender o batalhão, talvez “Alike” fosse bom representante para demonstrar em Magic Chairs uma qualidade de escrita acima de média, uma imaginação constante e um imaginário tão envolvente quanto renovável. Na Dinamarca e no resto do mundo, Magic Chairs será sempre um belo disco para testemunhar o encurtar dos dias.