Max Richter
Memoryhouse
130701
2009
Max Richter é, na falta de melhores palavras, um arquitecto de imagens sonoras contemporâneas. E um dos melhores da actualidade, diga-se. Há nos seus discos, mais do que uma profunda beleza, uma busca de transversalidade e de cruzamento de linguagens que geram um interesse crescente a cada disco que publica. Desde 2002, altura da publicação do seu primeiro disco, Memoryhouse, o alemão a viver no Reino Unido foi construindo um corpo de trabalho que o coloca numa posição privilegiada “deste lado” da música contemporânea.
Na reedição do seu álbum de estreia, Memoryhouse, gravado por Richter com a BBC Philharmonic Orchestra, mostra um compositor numa espécie de turbilhão criativo, numa busca vibrante, como que na prossecução de um estudo por territórios da música “pós-clássica”, na procura de respostas. É por isso que não surpreende que num momento Max Richter dirija uma composição essencialmente construídas por cordas, no momento seguinte se aventure num solo de piano e no minuto seguinte esteja a explorar a música electrónica como ponte possível para a música clássica. Tudo isto feito com um sentido de equilíbrio e clarividência acessíveis a poucos.
Mais do que um belíssimo disco, Memoryhouse é um disco suavemente provocador, capaz de levantar questões acerca do papel da música clássica nos dias de hoje e dos caminhos possíveis a seguir. Com a ajuda de dois solistas de luxo (Alex Balanescu no violino e a soprano Sarah Leonard na belíssima “Sarajevo”), Max Richter é nada mais nada menos que um maestro de uma sinfonia que se escreve na busca de uma contemporaneidade que para si é como uma partitura que domina na perfeição.