Para além de serem uma série de antigas gravuras localizadas no deserto de Nazca (Peru), Nazca Lines é o tÃtulo da primeira experiência a solo de Pedro Magina, metade dos Aquaparque que em 2009 conseguiram com É isso aà andar nas boas de meio mundo (passando o exagero). AÃ, no disco do duo que se completa com André Abel, o que assina este disco mostrava sérios dotes na criação de paisagens psicadélicas/expansivas nos teclados que lhe vão aparecendo na frente. Em casa, com o tempo que teve e quis, gravou um disco em que explora a sua devoção pelos teclados em tempo real e de forma comprimida.
Nazca Lines é um curto documento posto à feição de ser ouvido em loop. Pela sua curta duração, quase pede audições em catadupa. Não que seja difÃcil descobrir-lhes os encantos, nada disso. Basta passar-lhe ouvidos uma vez para absorver a reverência ao krautrock teclista e ao que de resgatável tem o new age aos olhos dos dias que correm. Mas a sua curta duração e beleza apreciável pedem quase um loop de Magina sem medos nem pavores. Até porque a cada audição descobrem-se gradualmente ritmos minúsculos e novos rasgos de cor e melodia.
Nazca Lines vive precisamente naquele belÃssimo limbo entre reaproveitamento do chunga (não é à toa que o curto press do disco fala em Richard Clayderman, Jean-Michel Jarre e Vangelis) e o ir buscar à fonte de águas miraculosas da música que se reinventa. “The Love There That’s Sleeping†é talvez o melhor exemplo entre as três faixas que fazem este disco. A minutagem é curta para apreciar o que daqui pode vir, é certo, mas há aqui muita matéria-prima interessante para fazer de Magina o organista principal da catedral da música periférica portuguesa.