Ainda nĂŁo há muito tempo, os Fuck Buttons caĂram de rompante na cena “noise” mundial com o enorrrme Street Horrrsing , álbum brrrilhante atĂ© no nome. E era muito rrr mesmo, com catapultas e pázadas repetitivas de ruĂdo a construĂrem quase sempre anti-melodias, contudo, já com alguma sensibilidade Ă©pica como no maravilhoso “Sweet Love for Planet Earth”, qualidade essa explorada agora atĂ© Ă exaustĂŁo.
Tarot Sport Ă©, nessa exploração, o passo em frente. Depois da abstracção melĂłdica, agora dĂŁo-nos algo bem palpável, igualmente simples na forma, identicamente repetitivo, mas com um absurdo de melodias inesquecĂveis ao colo. O segundo grande disco deste ingleses começa logo a dar cartas desde o primeiro segundo, com o excelente “Surf Solar” e a partir daĂ, sempre, na mesma auto-estrada, as melodias levam-nos em velocidade, numa espĂ©cie de Godspeed You! Black Emperor com Giorgio Moroder a comandar, em caminhos paralelamente percorridos, cada um Ă sua maneira, por M83, Ulrich Schnauss ou The Field.
Curioso tambĂ©m o tĂtulo de uma das faixas, “The Lisbon Maru”, nĂŁo sĂł pelo nome familiar, mas tambĂ©m porque se recria com um dos samples da já citada “SLFPE” do 1Âş álbum, demonstrando exactamente, a ponte que criaram entre a lentidĂŁo suspense de antes e a velocidade cavalgadora de agora. É notĂłrio que encontraram um rumo e que o querem explorar em grande. Nisto, vĂŞm os extasiantes “Olympians”, "Space Mountain" e o resto. É impossĂvel, tal como se provou com os Fuck Buttons ao vivo, nĂŁo dançar atĂ© cair com esta mĂşsica tribal, cinemática, infinita, que ainda se adocica mais com o rebuçado "Phamtom Limb", exultante e aparente homenagem esquizofrĂ©nica a uns Liquid Liquid que nunca foram menos esquizofrĂ©nicos. Destaque tambĂ©m para a lĂmpida produção de Andrew Weatherall, velhinho mago que construĂu com os Primal Scream o ainda hoje extraordinário Screamadelica. Um dos melhores álbuns de 2009, um tarot recomendado para o zoodĂaco inteiro, de CapricĂłrnio a Sagitário.