Prosseguindo a sua missiva de enaltecer as virtudes do maximalismo nas pistas de dança em detrimento das estafadas linguagens que o minimal tem exageradamente promovido de há uma década para cá, alemão Alexander Ridha sobrecarrega uma vez mais o equipamento com electricidade, soltando num vórtice de alta voltagem um punhado de temas irrequietos e turbulentos algures entre o interessante (que raramente abdicam de rudeza do espÃrito para nos hipnotizar) e a pura inutilidade (que raramente não incentiva o dedo a carregar no fast foward).
Empenhado no barulho experimental, batidas grosseiras e rudes, na repetitividade ensurdecedora, no frenesim dos sintetizadores em overload, em melodias comprometidas com os ideários Kraftwerk e Richard D. James, a sujidade dos Justice e a leitura dos ensinamentos da Roulé de Thomas Bangalter, este segundo disco de originais de Ridha é irregular e pouco afoito na demonstração de força. Depois de um estimulante disco de estreia, Power soa a muito pouco. Nada de novo – e tudo sintomático – numa uma década que viu os seus produtores techno demasiado fascinados com a tecnologia, e a imensa possibilidade de manipulação sonora, e menos com a perspicácia fruto do reboliço criativo que alimentou outros visionários pastilhados.
Power verga-se, cumprimentando o espÃrito rave que alimentou as pistas de dança no inÃcio da década de 90, recuperando no processo esporádicos elementos que enriqueceram a música techno nos primeiros tempos da Warp. Nem sempre é feliz na concretização dos seus desejos, mas a intenção demonstra ocasionalmente alguma ponderação na hora das escolhas das referências e inteligência no instante da programação, mesmo detectando-se um recalcamento da fórmula que ergueu Oi Oi Oi em 2007.
Tirando alguns momentos mesmo irritantes ("Starter", "Drummer", "Rozz Box") que nada acrescentam ao composto, Power é mais uma curiosidade carregada de electricidade, pastilhas e ácidos, praticamente inconsequente, que se ouve bem durante umas horas e depois se arquiva por ser instantâneo e efémero na pilhéria. Novas ideias: precisam-se!