Não se deixem enganar! Este não é um álbum electrónico com suaves lampejos de jazz... É Jazz, exala Jazz por todos os seus poros, sendo os samples, as percursões meras “desculpas” para salientar todos os requintes e esplendor deste Jazz moderno. Preparem-se para um álbum, que daqui a uns anos vai ser encarado como um clássico, uma obra-prima. É só deixar o tempo correr e assistir à influência e larga descendência que este álbum irá provocar.
A história começa na estudantil cidade de Upsala, onde Oscar Simansson era músico de Jazz e Magnus Zigmark trabalhava como DJ e director de alguns clubes de dança. Após algumas colaborações da banda de Oscar no clubes de Magnus, dá-se a partida para Estocolmo. Surgem os Koop, e com eles “Sons of Koop”, um disco denso, profundamente electrónico, onde começam os estudos de combinações de “loops” com samples de mil e um feitios.
Mas não ficaram totalmente satisfeitos, sentiram a falta de uma estrutura, uma base mais próxima das canções, e iniciam em 1999 a produção de “Waltz for Koop”.
“Waltz for Koop” deve ao Jazz, Ă sensibilidade Pop, aos instrumentos ao vivo, ao impressionante cartel de vocalistas (desde o mĂtico Terry Callier Ă desconhecida Yukimi Nagano, agora considerada uma nova diva), toda a sua paixĂŁo, sedução, perfeição... Com influĂŞncias dĂspares como o Tecnho de Detroit (Magnus) ou o Acid-House (Oscar) os Koop souberam entender o Jazz, sentir o seu ritmo e daĂ produzir uma mĂşsica lĂmpida, inovadora e elegante. Voltaram Ă s origens quanto Ă duração do álbum (Ă volta de 30 minutos), naqueles que porventura serĂŁo os minutos mais ricos, mais arrebatadores que alguma vez ouvi... Porque há discos assim, que mĂşsica a mĂşsica vĂŁo elevando o patamar, patamar esse que vai constantemente sendo ultrapassado. Discos que mĂşsica a mĂşsica nos surpreendem, nos quais nĂŁo detectamos uma falha, uma nota mal colocada... AĂ sorrimos! Encontramos o tal disco, que revoluciona uma vida, que rompe contextos, que indica o caminho do futuro, que nos faz gastar exaustivamente o botĂŁo Repeat...
Colocamos o disco. E de repente, Ă© VerĂŁo! “Summer Sun” irradia pela sala, enchendo-a de luz. Os nossos corpos dilatam por acção do fortes raios de luz. “Modal Mile” Ă© suspense, Ă© mistĂ©rio. SĂŁo variações rĂtmicas, pausas inquietantes, que nos fazem salivar (qual reflexo de Pavlov) pela continuação das batidas, tudo sob o comando do astuto Earl Zinger. O disco apaixona, vicia... Especialmente em “In a Heartbeat”, que invade o nosso corpo, possuindo-nos, alterando o nosso ritmo cardĂaco, que num instante entra em simbiose com a batida (do coração) dos Koop. É profunda a voz de Callier, traz a sua alma entremeada nas notas. Seduzidos, talvez hipnotizados seguimos para a dança. “Relaxing at the Club F****”, sĂŁo mil e uma cores, sĂŁo ritmos que invadem a pista, fazendo qualquer camaleĂŁo corar de inveja.
Eu nĂŁo me deixei enganar, pois este nĂŁo Ă© um já habitual álbum onde o jazz aparece diluĂdo em “beats’n’clicks”, Ă© Jazz Moderno. Acreditem que nunca o Jazz me soou tĂŁo apetecĂvel.