É necessária uma amnésia das piores para apreciar Sugarland, sem que isso se torne num brainstorm de comparações. Por mais que essa correspondência de nomes sirva muitas vezes para exercitar algum “chico-espertismoâ€, as Talk Normal, bandeira que une Sarah Register e Andrya Ambro, ocuparam os últimos anos com um primeiro álbum, que não só acena o negrume e frenesim do seu berço Brooklyn, como também denuncia um torrencial estúpido de influências e inspirações. Todas elas são aproveitadas flagrantemente.
Resumindo: as Talk Normal atam no-wave furibunda ao eco ultimamente patenteado pelo produtor Dave Sitek, numa investida de terceira geração pelos habituais batuques de selva urbana e guitarras salpicadas como pinturas de guerra (servem para um bom par de riffs, ainda assim). O filme já passou demasiadas vezes neste cinema e a verdade é que a versão musical deste Onibaba resiste apenas a número limitado de remakes. Sugarland é tão igual ao vizinho, que acabo por repetir mentalmente ritmos do último disco de Bat For Lashes acreditando que a memória recupera o impacto das Talk Normal.
De resto, as pegadas revelam que os Liars já passaram por aqui. Os Sonic Youth também, quando viviam fixados pelo Dia das Bruxas e afectados por alguma esquizofrenia. Jarboe tem um cofre cheio disto. Lydia Lunch tem um cofre maior. Encontra-se desgastado o terreno percorrido por estas canções decepadas, sobrecarregadas de atitude e drama, embora vazias de frescura.