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Best Coast Where The Boys Are

2009
Blackest Rainbow


Recolocada em Nova Iorque por motivos escolares e profissionais, Bethany Consentino, viu-se assim forçada também a abandonar as Pocahaunted no preciso momento em que viam o culto em seu redor crescer (de forma algo exacerbada) para além do nicho underground norte americano. Com esta estadia a revelar-se o período mais deprimente da sua vida, Bethany regressa à Costa Oeste envolta num burburinho crescente em torno da pop mais lo-fi, prontamente apelidado de shitgaze e numa felicidade por voltar à costa que baptizou esta nova aventura.

Tendo em conta esta conjectura, nĂŁo Ă©, de todo, surpreendente a euforia em antecipação a Where The Boys Are. Se, esta preside a todo o entusiasmo, Ă© inegĂĄvel que cançÔes como “The Sun Was High (So Was I)” ou “In My Room” disponĂ­veis no Myspace da banda (que partilha com Bobb Bruno, habitual colaborador da sua ex-banda) faziam antever belos momentos Ă  beira mar, de Ăłculos sol Ă  la NatĂ©rcia Barreto. Invocando os fantasmas dos girl groups como as Sangri La's para um corpo sujo de resplandecĂȘncia lo-fi, numa alternativa credĂ­vel a nomes como Vivian Girls.

Lançado em timing perfeito, Where The Boys Are funciona como um cartĂŁo de visita errĂłneo. Gravadas por Bethany, sem a influĂȘncia de Bruno, as cinco cançÔes desta edição da Blackest Rainbow assemelham-se perigosamente a meros esquissos daquilo que os Best Coast tĂȘm vindo a revelar. Embora persista uma verdade cronolĂłgica em dar este primeiro passo com Where The Boys Are, o conhecimento prĂ©vio de cançÔes como as acima citadas leva a que esta estreia soe desinteressante por comparação. InĂștil, atĂ©.

Com o lo-fi a revelar-se intrusivo, cançÔes como “Moody” ou “Angsty” revelam-se incapazes de subsistir nos seus mĂ©ritos composicionais, ainda longe daquela nostalgia vereneante que viria a iluminar temas mais recentes como “Up All Night”. Em menos de 15 minutos, Bethany Consentino apontava jĂĄ o caminho a seguir, mas nada nestas cançÔes assegura valĂȘncia a Where The Boys Are. Ignore-se. Todos os interessados tĂȘm jĂĄ Make You Mine para relembrar os verĂ”es do seu contentamento.


Bruno Silva
celasdeathsquad@gmail.com
15/10/2009