Primeiro foram os belÃssimos discos a solo com a guitarra, recuperadores da magia de John Fahey e da escola de Takoma – tudo regado com experimentalismo qb. Depois chegou o rock psicadélico, sob influência da colaboração com os Comets on Fire e com a malta certa (Chris Corsano à cabeça). School of the Flower foi a viragem que Ben Chasny precisava, o impulso para uma mudança que era necessária e ansiada. Mas nem todas as mudanças vêm por bem e Luminous Night é prova disso.
A produção é perfeita, Luminous Night soa inclusive muito bem mas é tudo um doce engano. Na ânsia de mudança, Ben Chasny caiu no erro de explorar territórios que não domina e que nem sequer combinam com o mundo que criou para si próprio. Anda por aqui a folk de outros tempos mas travestida de tal forma que, em boa parte das vezes, o que se sobrepõe são os tiques de new age (demasiadas flautas, demasiadas tablas e demasiadas águias) que apareceram quase por magia e que esperamos que desapareçam com a mesma rapidez.
Em “Actaeon's Fall (Against the Hounds)â€, logo a abrir, há já indÃcios das más escolhas estéticas mas o ruÃdo bom trata de sarar as feridas. “Anesthesia†vai pelo mesmo caminho, salvando-se na voz de Chasny e, de novo, no psicadelismo que ainda resta. “Bar-Nasha†é a prova de uma canção que, soando bem, move-se por terrenos verdadeiramente movediços: há flautas que parecem retiradas de um disco de Talvin Singh e tablas que parecem simplesmente fora do sÃtio. Há alguns momentos em Luminous Night que merecem a salvação (e mesmo assim parecem um loop do passado), mas se este disco fosse um barco em dificuldades no alto mar, o melhor era mesmo deixá-lo afundar. Nos piores momentos, Luminous Night dá vontade de pensar que tudo isto não passa de um simples pesadelo.