Primeiro, obrigado Carpark, pelos Casino Vs. Japan, Beach House e por Dan Deacon. Que trio maravilha. Segundo, se há artistas capazes de gerar um estilo novo de música, Deacon é um deles. Músico treinado, menino de Conservatório que alucinou, a sua música é realmente singular, contemporânea, de agora, de depois. Tem em si uma mistura tão grande de coisas que só poderia ser desta época louca em que vivemos. Por outras palavras, se as auto-estradas da informação tivessem uma banda sonora, seria Bromst. E se há mesmo um movimento gerado por Dan, qual será? Pós-Avant-Electro-World-Psy-Power-Thrash-Gigabyte-Cartoon-Chipmunk-Chippunk-Pop? Ou será electro-cartoon-maximal? Sim porque de minimal não tem nada. Se fosse português talvez caldeirada-transe. Contudo Chip-punk parece-me bem. Humm… Não senhor. Não é nada fácil catalogar Dan Deacon. O que nos dias que correm pode ser, e neste caso certamente, sinónimo de originalidade total.
Bromst segue a linha para melhor (e eu perguntava-me se era possÃvel melhor) do genial Spiderman of the Rings. Onze electro-épicos suados em grande velocidade nas auto-estradas da informação, repletos de teclas de entulho electrónico do bom, analógico, digital, sobretudo nada banal, propulsionados com ritmos entre os conhecidos Underworld, os esquecidos Shaolin Wooden Men ou os velhinhos Neu!, e muitos xilofones de Steve Reich à mistura com vozes étnicas e de desenhos animados, tudo sempre a abrir, e volto a frisar, a abrir mesmo. Ao se iniciar a audição deste disco, das duas uma, ou se odeia logo ou se vicia de imediato. E quem passar para esta fase, constata que é praticamente impossÃvel não dançar com Dan Deacon. Por isso, cuidado onde vai ouvir! A sério!
Eis então um Dan Deacon em grande forma apesar dos seus quilinhos a mais de sempre e arzinho alucinado de R. Stevie Moore. A sua mente fértil cozinhou mais uma bolacha compactada com frenesim do calibre de Spiderman of the Rings, mas com acentuado sentido onÃrico, quase romântico na acepção shoegazer da palavra, uma espécie de hinos do coração à la M83, igualmente sublimes mas muito mais possessos por uma esquizofrenia quase demonÃaca. Uma colossal obra de arte em plena Era Esquizofrenética, que lá para o final do ano será falada outra vez.