Um disco que começa com uma faixa de nome “Crazy Naked Girls” ao som de uma produção garage rock que soa perdida algures em setentas, só podia ser mesmo destes malucos. Que continuam sem dúvida em boa forma, basta ouvir este novo álbum, repleto de grande rock com letras e vozes non sense, marca de uma banda muito peculiar e que sem dúvida está sempre no lado bom da “trip”.
Dark Days / Light Years tal como os seus antecessores, está repleto de boas mĂşsicas para abanar o capacete alucinado, se possĂvel já cheio de boas referĂŞncias do passado como as cabecinhas destes galeses. E Ă© ouvi-las ao longo deste disco, desde krautrock a clássicos do psicadĂ©lico galĂŞs e atĂ© turco (que Rhys tanto repesca na seminal editora Finders Keepers), a monstros rock mainstream dos setentas como Steely Dan (oiçam “The Man Don’t Give a Fuck”), ou Status Quo (“Inconvenience” tem lá qualquer coisa, nĂŁo tem?)
Pode-se dizer que o disco melhora a caminho do fim. Depois de algumas faixas mais brincalhonas, tanto que nĂŁo serĂŁo mesmo para levar muito a sĂ©rio, como “Moped Eyes” ou “Inaugural Trams”, eis que surge entĂŁo a tal “Inconvenience” e depois, Ă© sempre a abrir. Logo com a maravilhosa “Cardiff in the Sun”, tĂtulo irĂłnico claro, já que a capital do PaĂs de Gales de sol nĂŁo tem muito, mas com os quĂmicos adequados, oh pá, parece Ibiza. De repente estamos com os Blur em ácido nos tempos do Modern Life is Rubbish , e sim Blur, que sempre foi uma grande referĂŞncia para os SFA, tal como estes foram para os Blur. Aliás, os SFA sĂŁo o parente pobre de muita “brit pop” porque todos os amam (ainda há tempos ouvi um dos Gallagher dos Oasis a declara-se fĂŁ deles na MTV), mas apesar do amor, nunca houve o tal disco que vendesse muito e os enriquecesse mais. Mas sem a fama, devem ser uns bacanos estes “lads” lá isso devem ser. SenĂŁo nĂŁo tinham um tema como “The Very Best Of Neil Diamond” que soa a rock turco. Ou “White Socks/Flip Flops” ao som do rock mais cool do Universo como se fossem cool as meias brancas nas havaianas (passe a publicidade). Dark Days / Light Years Ă© assim uma bela confirmação do talento e da boa disposição destes celtas irredutĂveis, tal como nos perguntam em inglĂŞs em “Where Do You Wanna Go?” e na sua versĂŁo galesa “Lliwiau Llachar”.“… Because we can go anywhere…” respondem. É que podem e vĂŁo mesmo, numa “pĂŁo de forma” de volante Ă direita.