Não se iludam. Há por aqui um genuÃno desejo de descoberta nesta viagem erguida a partir dos mais dispares fragmentos encontrados nos lugarejos insuspeitos do actual panorama musical. E se Ride é uma referência e um dos mais promÃscuos semblantes da nova música urbana – tanto como produtor como DJ –, raras são as ocasiões em que há uma verdadeira oportunidade de escutá-lo sosinho a construir curtas e eficientes peças inspiradas na velha tradição do turntabelism.
É num groove oblÃquo e transversal que se baseiam os sete actos promovidos pelos atentos ouvidos da Optimus – numa salutar e invulgar iniciativa de promoção dos novos valores da música portuguesa. É um hip-hop ocasionalmente indisciplinado e em busca de paz de espÃrito que Ride procura o caminho que o distancie da vulgaridade. E lentamente lá vai conseguindo atingir os seus objectivos.
De «Start The Journey» a «DJ Tools» a música de DJ Ride, amÃude inconformada e irrequieta, passeia-se sem grandes vaidades pelo hip-hop da velha escola e os mais diversos estÃmulos que a contemporaneidade tem para oferecer. Daà não se estranhar as reminiscências narcóticas do dubstep («Moog Step»), os constantes desvarios electrónicos, os padrões irregulares de J Dilla («Get Out My Mind»), a soul intermitente («Supa Às Vezes») ou os ecos da pop mais idÃlica («Hard Dayz») no percurso desta concisa , mas interessante, jornada com os olhos postos no futuro.
E de uma coisa podemos ficar seguros, DJ Ride não ficará por aqui enquanto a sua impetuosidade se mantiver ao mais alto nÃvel e continuar a produzir alguma da mais activa e briosa música em Portugal. Bring it on!