School of Language Sea From Shore

Em 2007 os Field Music fizeram sensação com a qualidade de Tones of Town. Pura pop-prog britânica na linhagem de Stackridge e XTC, canções bem tecidas a três que não demonstravam logo o quão diferentes eram as cabeças de cada um. Mas fala-se que eram e são diferentes mesmo, por isso nunca se entenderam muito bem, sobretudo em concertos, culminando alguma azia pós-tourné com o anúncio de uma paragem sem final marcado, para se dedicarem a outros projectos. Neste contexto entra David Brewis e estes seus School of Language e Sea From Shore. Mais experimental do qualquer dos seus registos anteriores, consegue contudo certamente satisfazer os ouvidos de qualquer fã de Field Music.

Com esta suposta nova banda que é essencialmente o próprio David, contando com a ajuda aqui e ali dos seus conterrâneos de Sunderland, os bem conhecidos Futureheads, eis um disco muito pessoal, uma demontração de talento e de plenos poderes de alguém que gosta muito de boa música. É um mar que chega à costa em bom porto, a Thrill Jockey, e logo com duas brilhantes canções iniciais, “Rockist Part 1� e “Rockist Part 2�, construídas a partir de um loop de Brewis repetindo uma série de vogais e onamatopeias que percorrem depois com charme a música. Logo de seguida, rock como nunca nos Field Music, “Disappointment’ 99�, canção enérgica com David Craig dos Futureheads bem presente nos vocais também.

Depois, uma espécie de desilusão. “Poor boy� regressa à pop-prog que sempre o caracterizou. E cada vez mais XTC surgem “Keep Your Water�, “Marine Life�, “Ships�, boas canções que nunca chegam aos calcanhares dos seus inspiradores mas têm muito valor, nem que seja pelo facto de nos fazer ir tirar o pó logo a correr aos velhinhos English Settlement, Mummer ou Skylarking. Assim até ao fim, este “feel� acaba por ser o resumo deste, no fundo, primeiro álbum a solo de David Brewis. Muito talento mas aquela falta de originalidade e brilhantismo que fazem os grandes. No entanto, tem qualidade para dar e vender e se mantiver pelo menos este nível, se calhar ainda vai conseguir voltar a surpreender o Mundo antes de um disco novo dos Field Music que até pode bem nunca mais acontecer.