Guillermo Scott Herren anda há anos a trazer-nos coisas boas, primeiro como Prefuse 73, e ultimamente na companhia de Eva Muns e Roberto Lange como Savath & Savalas. Por muito tempo figura de proa da Warp Records decidiu agora experimentar os novos ares da editora mais alternativa do hip-hop mundial: a excelente Stones Throw. Mas La Llama não tem hip-hop. Por isso, desde logo saúda-se a editora de Los Angeles por estar a abrir o seu laboratório de experiências, sempre na procura de mais alguma vanguarda. E neste contexto eis o novo de Savath & Savalas.
Mais do que nunca Herren e companhia mergulham na memória da acid-folk latino-americana, alimentada pela própria confissão de Herren como fã, por exemplo, dos interessantÃssimos Flaviola e o Bando do Sol, cujo primeiro álbum é uma pérola do psicadelismo acústico brasileiro. O “feel†é realmente muito calmo, há muita guitarra acústica, muitos sintetizadores tranquilos, muita “alma†psico-latina, relembrando a quase toda a hora as obras-primas da argentina Juana Molina, sobretudo o seu genial Segundo. Mas aà está, ela consegue canções inesquecÃveis, e Savath & Savalas não. Conseguem um objecto sonoro de qualidade indiscutÃvel, contudo falta-lhe alguma pimenta, aquele je ne sais quoi que nos alimenta a obsessão.
Não viciando, este disco tem contudo óptimos hinos chill out para manhãs peyóticas, relaxantes sonoro-musculares para acordares suaves em psico-pampas. Momentos divertidos para gargalhadas de hélio como o final do tema “Una Cura†onde o ritual xamânico acaba num descomprometido “Mierda! Sorry!â€, como se a música tivesse sido gravada ao primeiro take, como se o ritual de cura tivesse acabado mal, como qualquer coisa que não interessa, porque este parece ser daqueles álbuns que não se pode pedir mais, é como é e o resto é conversa. E vou pô-lo ao lado dos da Juana Molina, ah isso vou.