Na sua repartição de temperamentos, Balf Quarry é o disco de Magik Markers que mais se parece com a Pedra de Roseta, o documento histórico escrito em três línguas. A fixação por pedras é, aliás, evidente na fotografia de capa (podia ser um álbum dos Ruins) e noutra inserida no interior. Desta forma, o rock que arde dentro de Elisa Ambrogio e Pete Nolan acaba à vista de todos, para que ninguém mais duvide de que os Magik Markers são a banda de topo mais capaz de nivelar o rock por baixo (arrastando-o até ao seu berço sujo e desarrumado).
E, tal como a Pedra de Roseta, Balf Quarry oferece uma só superfície a três códigos diferentes. Alternadamente, o combustível apontado ao depósito destas canções é feito de desordem e atrito, pacificação enganosa e peregrinação (“Shells” é uma das suites assombrada do ano e a prova de que os Magik Markers conseguem ser expansivos sem arruinar a estrutura). Incessantemente, as canções procuram fazer justiça (estranha justiça) pelas suas próprias mãos. Conseguem-no, é verdade, invocando o azar, a divulsão e um karma cego e implacável até ao pulmão lírico de Elisa Ambrogio. Leva isso a que Balf Quarry, quando comparado com o mais folgado Boss, impressione por ter longos tentáculos que não oferecem escape. “Jerks” e “The Lighter Side of…Hippies” são basicamente temas de rock frontal com uma função de sequestro. Não fodam com os Magik Markers.
Em vez disso, procurem a fase dos Sonic Youth que vos pareça mais próxima da actualidade dos Magik Markers, porque a dívida existe (e subsiste) de facto. Todos os palpites-carapuça nesse sentido são discutíveis. A Thousand Leaves, provavelmente, por todas as vezes em que Elisa Ambrogio anda perto de uma Kim Gordon militar (“Contre Le Sexisme”, “The Ineffable Me”) ou pelo risco assumido nos temas mais longos (maravilhados com as hipóteses de desconstrução). Ficamos mais descansados: a continuidade da jovialidade sónica está assegurada pelos Magik Markers.