PesadĂssimo. É o melhor adjectivo superlativo que se encontra para o primeiro álbum deste sexteto dos sĂtios certos. Sim, porque sĂŁo californianos da meca contra-cultural Santa Cruz. Vivem e fazem hoje sensação na sempre histĂłrica meca do psicadelismo SĂŁo Francisco. E porque foram gravar este “debut” a Vancouver, sede dos contemporâneos-mentais Black Mountain e Destroyer. Aliás, Ă© o produtor destes dois, Colin Stewart, que tomou conta de organizar este freak out.
Embrace Ă© assim um disco dos sĂtios certos, feito tambĂ©m por pessoas certas. De corpo na casa dos vinte e poucos e de alma em “psy fuzz oldies” como Black Sabbath, Edgar Broughton Band, Groundhogs, Spirit ou Blue Cheer. Com talento suficiente para aguentarem o leme num caudal ácido, visceral e veloz de fuzz e wah wah, e ainda com a pimenta do sussurro psicadĂ©lico-feminino de Rachael Williams a pairar sobre a voz fora de Bret Constantino. Juntos soam muito bem na nuvem de noise, por vezes quase quase Bardo Pond mas menos espaciais, mais pĂ©s na terra, com mais “country feeling”, talvez um pouco menos de mescalina. Ou pelo menos peyote.
E quando chegamos ao alto da montanha fuzz eis que Rachael divide 50/50 as operações para cantar com Bret em dueto o tema final “Duet with the Northern Sky”. Aà a música acalma espectacularmente num toada “bluesy roots” que se ouve como um “chill out” para descansar a cabeça da guerra de fuzz. Ideal para acabar um álbum de várias batalhas ganhas numa longa guerra fuzz. Que parecia acabada em 1969-72, mas afinal tem mostrado em todas as décadas que perdura, recupera-se, e ainda nos deixa no fim a ver estrelas.