Nas circunvizinhanças das linhagens musicais de segunda e terceira categoria há projectos e cantores, empenhados, que tendem a não ir além da simpatia sorridente e da comparação a três ou quatro nomes de primeira água da mesma roda de estilo. Os The Strugglers ao quarto álbum, The Latest Rights, ainda não se livraram desse estigma e a cada novo conjunto de canções postos nos ouvidos de quem os segue, tornam sempre a despertar o name dropping habitual desde 2001; lá vem Neil Young à cabeça e logo depois Will Oldham, Red House Painters e Smog. Conhecer por comparação eleva as expectativas e para Randy Bickford, alma destes The Strugglers, essa prática é desvantajosa: não tem o carisma das influências nem o talento se lhes pode igualar. Como isso é coisa que o preocupa, o esforço da superação tem resultado na continuação do legado de duas ou três boas canções por disco à turba melomaníaca.
Em estado de graça há um trompete e um violino que assomam sem alarde nem protagonismo quando são chamados ao temperamento. O violino está para “Morningside Heights”, a música que abre o disco, como o trompete para “Redeployment”, a música que se lhe segue. Dão chama e distinção, enquanto Randy Bickford tenta vingar a juventude com uma vida adulta que lhe faça contraponto merecido. Pode querer isto dizer que Bickford está a tornar-se num melhor arranjador que compositor, de onde vem o maior empolgamento em relação a The Latest Rights. As canções continuam medianas mas agora sabe melhor ouvi-las.
Vai uma grande distância entre a Carolina do Norte e Espanha, a distância quilométrica que separa o projecto de Randy Bickford da Acuarela Discos, a editora que tem lançado os seus últimos trabalhos, mas não é essa naturalidade dos nossos tempos que propaga na Europa o universo sonoro salpicado de country e midtempo dos The Strugglers. Se The Latest Rights surge como mais um álbum folk-pop, sem que essa visão seja muito míope, é porque este ainda não tem direito a entrar na primeira liga. Mas por algumas canções esquece-se mesmo isso.