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Adriana Calcanhotto Cantada

2002
BMG


Desde muito cedo Adriana Calcanhotto sentiu a influência da música no seu percurso de vida, uma vez que o seu pai foi um dos músicos que acompanhou Elis Regina nos seus primeiros tempos de carreira.
Adriana passou inicialmente por bares onde cantava para pequenas audiências, até ao momento em que conseguiu finalmente gravar o seu primeiro álbum “Enguiço”, gravado em 1990, a partir do qual se seguiu a tão aclamada fama que a cantora tem não só no seu país.

O novo álbum de originais de Adriana começa por ser sugestivo até no próprio nome. Este álbum conta com participações como as de Moreno Veloso e Los Hermanos. “Cantada” pode nos levar por dois caminhos distintos, a sedução pela música ou a música a seduzir. Para os brasileiros, a palavra “cantada” sugere uma forma de abordar alguém com o intuito de a seduzir ou apenas de lhe lançar um piropo (palavra já tão fora de moda!). Um simples poema (como as letras de Calcanhotto) pode ser cantado ou apenas dito e ambas as atitudes podem ser consideradas como uma ‘cantada’, desde que dito da forma certa, na altura certa.

Adriana Calcanhotto já tinha passado por um grande sucesso com o seu anterior álbum “Público” em 2000, sucesso experimentado não só no Brasil e em Portugal mas também noutros países. É claro que a publicidade feita a grande parte dos álbuns brasileiros é feita não só pelos meios habituais mas também através das ‘bandas sonoras’ de algo que se tornou (quer queiramos ou não) um produto imprescindível da cultura brasileira infiltrada noutros locais do globo... as telenovelas.

Assim aconteceu com um dos temas mais falados deste novo álbum de Adriana Calcanhotto... “Pelos Ares”, que se transformou num êxito ouvido e cantado por muitos. Este cd conta com algumas surpresas, como uma nova versão feita para o tema “Music” de Madonna, embora não se possa dizer que esta tenha sido muito bem conseguida. Temas como “Programa” ou até mesmo “Cantada”, vão preenchendo o ambiente com uma sonoridade quente mas suave. São 14 temas que no seu todo dão a sensação de uma mistura de estilos (jazz, rock, reggae e samba).

Pode-se dizer que este álbum não consegue demonstrar todas as facetas de Calcanhotto, uma vez que esta além de cantora, também é violinista e uma das grandes compositoras do Brasil.

Este não é um álbum excepcional, mas não deixa de ser marcante, trazendo uma lufada de ar fresco à forma como Adriana Calcanhotto interpreta os seus temas. Classifico este álbum apenas como... envolvente.


Susana Enes
03/02/2003