Com Wayfaring Summer entramos-lhes em casa. Descobrimos o mundo deles. Caminhamos com Buck e Shanti Curran pelas montanhas do Maine e descobrimos os sons que por lĂĄ produzem. Pode parecer pouco, mas o intimismo que ambos permitiram tornou possĂvel uma experiĂȘncia quase na primeira pessoa, fundamentada e sentida. AĂ, nesse primeiro contacto, guitarras, banjo e percussĂŁo estendiam o manto para receber a voz poderosa de Shanti Curran, devedora Ă natureza e a tudo o que Ă© natural.
Este disco homĂłnimo, na sua raiz, mantĂ©m os mesmos traços do primeiro disco da dupla mas introduz algumas pequenas novidades. Uma delas Ă© o violoncelo de Helena Espvall do Espers, que espalha beleza pelo disco em quantidades suficientes. O banjo, esse, continua a ser um elemento central na mĂșsica dos Arborea. Em âBlack Mountain Roadâ, por exemplo, criam-se momentos de beleza incrĂvel com a voz de Shanti, o banjo de Buck e o violoncelo de Helena. Por ser um disco transparente e vulnerĂĄvel, Arborea expĂ”e-se a algo Ăłbvio: que vive obcecado com a melodia e com a beleza. Sempre com a AmĂ©rica como pano de fundo.
Num disco quase sempre dado a minimalismos, âSwanâ impressiona pelas suas texturas bizarras e melodias contrastantes. O instrumental «Ides of March» partilha a mesma ideia e parece debater-se com questĂ”es de memĂłria, bem explicitas nas correntes de som que se movimentam de um lado para o outro, criando necessariamente ondas. «Red Bird», canção mais cheia do que qualquer outra, faz-se de guitarras e de violoncelo e, como quase tudo neste disco, de uma beleza purĂssima, impressionantemente melĂłdica.