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Zs The Hard EP

2008
Three One G


Para quem tenha dificuldade em decidir-se entre a força super-heróica dos Flying Luttenbachers e a escola “de quem sabe†dos Vandermark 5 (de Ken Vandermark), como agentes de um tômbola infindável de agitações próximas do free jazz , os Zs serão uma óptima alternativa para resolver o dilema - a partir do entendimento de que um saxofone em chamas nada pode fazer para acalmar os ânimos de uma combustão de padrões, quando dá por si na companhia de uma guitarra e bateria que, repentinamente, esqueceram tudo o que aprenderam no curso de bombeiro, e passaram também a agir criminosamente, alvejando os vários blocos de uma composição com os tiros de uma metralhadora com pontaria.

Assim é o EP The Hard a cargo dos Zs (que tiveram já direito a disco na Tzadik de John Zorn): 15 minutos votados à demonstração de que o jazz de acumulação tântrica pode ser o fósforo nas mãos de um trio com tendências piromaníacas, um quarto de hora favorável à filosofia que emparelha o tudo nu, tudo vestido / tudo solto, tudo contido, um bom pedaço de tempo para quem sempre quis saber como soariam os Mr. Bungle remetidos a uma dinâmica triangular sem espaço para as digressões exóticas da voz de Mike Patton.

Favorecendo a medição de forças entre os instrumentos que o emprenham de fricção, The Hard traduz-se metaforicamente num momento sucedido num cruzamento em que os três automobilistas julgavam ter prioridade – a estranheza das palavras que trocam leva a pensar que falam mandarim, quando afinal comunicam através da linguagem universal da “fúria utilizada de modo incisivoâ€. Boa sova esta.


Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com
03/09/2008