Como música (por vezes ruÃdo) de fundo daquele conjunto de acontecimentos chamado adolescência, os Smashing Pumkins foram essenciais. Estiveram presentes em tantos momentos quase-mágicos. Nos fins de tarde por dentro dos lençóis, em naves espaciais inacessÃveis, e nas festas onde aconteciam descobertas, onde lentamente respondÃamos pelo nosso presente. Por tudo isto os SP merecem esta não-‘review’, este acordar do fundo do baú. Por tudo isto o papel do crÃtico é um limbo. Este álbum não tem nota, não o meço, não o avalio. Escrevo sobre ele porque, ao retirá-lo da camada de pó que o aprisionava e colocá-lo na aparelhagem, lembrei-me, de repente, do que significavam os minutos de cada música, transmutados para há alguns anos atrás, e muito provavelmente ouvidos da alvorada ao crepúsculo (“tonight tonightâ€, “cupid de lockeâ€, “porcelina of the vast oceansâ€), e deste à s profundezas da luz estelar (“thirty-threeâ€, “1979â€, “stumbleineâ€).
Quem não se lembra das horas eternas dos 14, 15, 16 anos, em que a passagem vagarosa para a escuridão das estrelas apenas significava a continuação, ou o inÃcio, da troca de palavras e sensações com os amigos? Essas horas foram, para mim e para um imenso grupo muito para além do grunge, preenchidas pelo “Siamese Dream†e por este “Mellon Collieâ€(de que é o follow-up), que nos suportavam e expandiam, através das suas palavras, tão de acordo com os sonhos de Verão e com as horas tristes de Inverno, e dos seus sons, agressivos para libertar as raivas incompreendidas e incompreensÃveis e suaves e gentis para nos entregarmos de novo à nave espacial. Assim procurávamos também as raridades, os lados b, as histórias, o mito.
Hoje, que me esquecia deste álbum no meio de todos os outros, foi a noite onde crucifiquei o insincero, e onde descrevi os momentos indescritÃveis da minha vida. O impossÃvel é possÃvel.
Post Scriptum: sendo este álbum tão impossÃvel de avaliar, porquê a nota que dei? Tentei, por mais difÃcil que seja, distanciar-me e dar uma nota “neutraâ€, como se hoje fosse a primeira vez que ouvisse o álbum. Como se isso fosse possÃvel. Por isso, faria mais sentido não dar nota at all.