Silence is sexy
Silence is sexy
So sexy
So silence
Silence is sexy
Silence is sexy
So sexy
So sexy
Silence is not sexy at all
L’amusement
Solitude
Die ungesellige Liebe, die fixe Idee, l’idée fixe
Nur ich und ich und ich und Tinitus
Wenn die Musik endlich aufhört
Ganz von selbst
Silence is sexy
Silence is sexy
So sexy
As sexy as death
Silence is sexy
Silence is sexy
So sexy
So sexy
Just your silence is not sexy at all
Just your silence is not sexy at all
Your silence is not sexy at all
Collapsing new buildings
Confesso, antes de mais, o inconfessável. Conhecia, Ă partida, muito pouco deste movimento, desta proto-industrialidade que os EinstĂĽrzende Neubauten forjaram, juntamente com Can ou Cabaret Voltaire. E fascinei-me, lentamente, por este universo teatral e inventivo, destrutivo e taciturno. Pelas suas “paredes sonoras”, pelas “orgias de ruĂdos”, pelas “energias braquiais” que emanam da sua mĂşsica (expressões de Blixa, vocalista dos EN). Pela depressĂŁo urbana, que nos transporta para as ruas geladas e deprimentes de uma Berlim perdida nos tempos anteriores Ă queda do Muroquando os Neubaten eram um conjunto de provocateurs, de experimentalistas do punk e do noise, com um postura bem mais radical que hoje, incendiando palcos em concertos já lendários. PorĂ©m, nĂŁo se perdeu a veia subversiva que os caracteriza, estando agora mais refinada, subtil, sofisticada. A improvisação deu lugar Ă composição.
Nos EN cada instrumento Ă© claramente delineado, em particular o baixo e a percussĂŁo (que ganha uma enorme importância para a ideologia dos EN, atravĂ©s do uso de materiais e meios inesperados: ferramentas, flamas, materiais de construção, tubos, objectos de metal, costelas humanas), e tambĂ©m a voz de Blixa, que parece infiltrar-se lentamente, uma quase voz off, com os seus “comentários” no alemĂŁo – lĂngua já de si tĂŁo sugestiva na sua complexidade indecifrável (para mim, claro), que adicionam tensĂŁo aos ambientes criados pela relação baixo/percussĂŁo. Tudo isto resulta num som cru e escuro, definido e agressivo.
“Silence is Sexy” Ă©, deste modo, um álbum quase visceral, baseado no dramatismo e teatralidade, tal como um enorme conjunto de compositores que vĂŁo desde Leonard Cohen (digo eu) atĂ© Nick Cave&The Bad Seeds (de que Blixa Ă© guitarrista), e que refletem pensamentos inquietantes, retorcidos, muito para alĂ©m do experimentalismo per si dos Kraftwerk, por exemplo. No entanto, os EN celebram a vida, a poesia, o amor, a metafĂsica. De uma forma inesperada, se nos confrontarmos com o cenário actual da mĂşsica industrial (Rammstein e afins). Ainda podemos ouvir as ferramentas e os tubos (nĂŁo podemos esquecer o delĂrio improvisado dos 18’30’’ de “Pelikanol”), mas, desta vez, integradas de forma mais gentil, num conjunto de canções recheadas de pormenores (o silĂŞncio quebrado pelo acender de um cigarro em “Silence is Sexy”), e movendo-se, tal como o resto dos instrumentos, desde a irritabilidade e desconforto atĂ© momentos de ĂŞxtase.