É pouco provável que o peculiar french touch de Sebastien Roux coloque alguĂ©m a dançar Ă medida que se torna o centro da festa, embora seja inevitável identificá-lo como força dominante e presente por toda a parte de Revers Ouest *, espĂ©cie de imaginária peça radiofĂłnica tripartida que marca a estreia do francĂŞs pelo selo australiano Room 40. Derrubando todo o tipo de preconceitos com o seu avanço, a variante mais complexa do french touch alastra-se pelas fundações pouco palpáveis de um disco que nĂŁo seria o mesmo sem as vozes (uma masculina, outra feminina) que se pronunciam em francĂŞs, adaptando o romantismo e altivez prĂłprios da lĂngua Ă s funções de combustĂvel para ataques de pânico sussurrados entre as brechas de uma parede.
Tudo o que de mais intrigante mantiver Revers Ouest *, como alavanca para abrir alçapões mil no seu labirinto narrativo, parte essencialmente da sua facilidade em impossibilitar que sejam descobertas respostas concretas ao seu frenesim de musique concrete. É delicado todo o exercĂcio que procure corresponder cada som ao seu emissor – seja esse uma bateria, um violoncelo ou os fiel recordings (matĂ©ria recorrente nos mosaicos do esteta francĂŞs).
O próprio refere – em termos muito vagos – que esta pode ser a história de um homem marcado por uma imagem de infância ou do encontro entre uma mulher e um estranho. Tanto quanto se sabe, Revers Ouest * descreve em linguagem sonora as visões de uma Nantes futurista – fá-lo alimentando uma fixação doentia pela mesma espiral de claustrofobismo perturbante, derrubando sem qualquer tipo de aviso prévio as cartas narrativas empilhadas e, conforme progride, deixando pelas costas um rasto de despojos que levam a que este se assemelhe a um estilhaçado cubo de Kubik muito longe da sua resolução.