Enquanto se matava o tempo a jogar à s cartas num qualquer serão de Verão, era sempre engraçado escutar alguém dizer p'ras crianças, na altura de atirar para a pilha uma carta que estava longe de ser trunfo, mas que também não representava exactamente “palhaâ€. Podia a tal jogada ser nivelada mais por cima ou mais por baixo – contudo, consentia-se a neutralidade e amenização dos estados de espÃritos com o tal p'ras crianças.
Apesar da negação tentada no nome, o trio canadiano No Kids activa o efeito pr’as crianças com a amigável e convidativa estreia Come Into My House. No Sobe e Desce em que se tornou a bolsa de valores do indie canadiano, Come Into My House vai a jogo com uma mão cheia de mais-valias instrumentais e estilos diversos (do sucesso feel good de Verão à rapsódia), mas persiste em passear-se por paragens do mapa mundi pop que já contam com uma bandeira a assinalar a posse de outrem.
Mesmo sem quererem, os No Kids pisam os calcanhares a alguns vizinhos. Seguindo a sempre descontraÃda via do tentemos, então, nem que seja pelo gozo da coisa, "The Beaches All Closed" procura adequar-se à função de brilharete no campo do R'n'B branco e orgulhosamente nerd, mas não convence. É sabido que os parâmetros de excelência dentro desse género moram ao lado no catálogo da Tomlab, mais exactamente na surpresa inesperada que foi, há dois anos, Paper Television de The Blow (quando Khaela Maricich e YACHT ainda remavam para o mesmo lado, antes de se separarem). “Neighbour’s Party†podia ser um out-take do Come On, Feel The Estância de Férias que Sufjan Stevens nunca chegou a compor, com direito a cordas com sorriso abrilhantado por dentÃfrico, coros unisexo e a “pinta†adorável de uma pop tão lÃmpida que é possÃvel alguém descobrir nela reflexos de corpos justapostos. Exacto.
Come Into My House serve como álbum perfeitamente inofensivo que se aplaude por não procurar mais que a sua simplicidade adornada. É uma vitória moral e uma derrota em termos de pertinência. Como é tão bela e descansada a vida quando se tenta apenas o suficiente. The Kids Are Alright. No Kids nem por isso.