No Fighting in the War Room é mais uma daquelas exportações de rock britânico que já merecia a chancela de debute do ano, mesmo antes de se encontrar nas lojas. Os pegajosos hypes fabricados por alguns nichos da imprensa britânica são os mesmos que assolam a sua própria credibilidade e que tornam ainda mais insuportáveis alguns dos supostos “abençoados” por isso. Ficam assim recapitulados os termos gerais da peste que ceifa, logo à partida, qualquer gozo que se pudesse obter ao rock de guitarras caracteristicamente brit, quando esse fede a produto derivado ou requentado. Se a linha verde da ASAE estiver porventura ocupada, estabeleça-se contacto com a karma police para que apreenda de imediato todas as restantes cópias deste No Fighting in the War Room, a cargo de uns Harrisons para os quais a pachorra se esgota como se fosse altamente inflamável.
A verdade Ă© que esta rapaziada de Sheffield contava, num passado recente, com um single simpático – “Blue Note”, tambĂ©m aqui incluĂdo – que, a seu favor, erguia algum carisma e “garra” suficiente para que se adivinhasse um futuro vagamente risonho para os seus autores. Percebe-se agora que a vantagem maior do single incidia precisamente na sua duração limitada que nĂŁo sobrevivia atĂ© ao ponto de se transformar num mĂłrbido aborrecimento. O estĂ´mago sĂł começa mesmo a dar dolorosas cambalhotas quando o disco atinge o mais inenarrável dos seus pontos na sebenta balada “Listen”, que tanto arrasta a sua lamĂşria de estação de comboio que bem podia servir como advertĂŞncia em relação aos piores efeitos secundários da embriaguez. Mas atenção, por favor, porque os Harrisons reservam tambĂ©m tempo de antena aos protocolares temas de pândega, chegando a brasa a um funk que dá coices ou a um rock a pilhas que pretende criar hinos geracionais atravĂ©s de refrões esfarrapados como a ganga gasta (a gangsta). Com sorte, pode atĂ© ser que os Harrisons venham a abrir concertos para os MaxĂŻmo Park em digressĂŁo pelo Luxemburgo.
Ainda há quem tente vender os Harrisons como uma espĂ©cie de arquivais dos conterrâneos Arctic Monkeys - assegurando que o brio dos primeiros parte de uma genuĂna atitude rufia e da vivĂŞncia directa com as ruas traseiras de Sheffield (Ă© uma ousadia alguĂ©m apelidá-la de new Sheffield quando nĂŁo demonstra nada de novo). A diferença residirá provavelmente na escolha do creme facial. Por breves instantes, senti uma saudade incrĂvel dos Oasis. E isso sĂł pode ser muito mau sinal.